Caraj�s: major tenta se livrar culpando coronel
Belém O major José Maria de Oliveira tentou ontem responsabilizar o coronel Mário Colares Pantoja condenado na semana passada a 228 anos de prisão pelo confronto no qual policiais militares mataram 19 sem-terra em Eldorado do Carajás, em 17 abril de
Por | Edição do dia 22/05/2002 - Matéria atualizada em 22/05/2002 às 00h00
Belém O major José Maria de Oliveira tentou ontem responsabilizar o coronel Mário Colares Pantoja condenado na semana passada a 228 anos de prisão pelo confronto no qual policiais militares mataram 19 sem-terra em Eldorado do Carajás, em 17 abril de 1996. Terceiro oficial da PM a ser julgado no caso, Oliveira disse que ao deixar o local do confronto para procurar um delegado viu na estrada seis corpos de sem-terra. Na volta encontrou uma caminhonete cheia de cadáveres. Oliveira comandava um batalhão florestal que saíra de Parauabepas e afirmou que seus homens não dispararam nenhum tiro contrariando parte dos depoimentos de testemunhas apresentadas pelo promotor Marco Aurélio Lima do Nascimento. Laudos mostrados pela acusação também confirmam que pelo menos uma pessoa foi alvejada com tiros disparados por um soldado comandado pelo major. Quando cheguei vi meia dúzia de corpos espalhados e, enquanto conversava com o coronel Pantoja, ouvi disparos, mas não posso dizer se foi ou não da minha tropa, afirmou o major. Pantoja, segundo Oliveira, determinou que se deslocasse da curva do S, na rodovia PA-150, local do confronto, para Curionópolis, onde encontraria um delegado. O major contou ter contestado as ordens, mas foi advertido. Disse ao coronel para não sair do local antes que eu retornasse, mas quando voltei ele já tinha ido embora. Foi então que ele viu os corpos amontoados na caminhonete. Os advogados de defesa usaram depoimentos de soldados para confirmar que Oliveira não teve participação no confronto. Em julgamento em 1999, depois anulado, o secretário de Segurança Pública do Pará, Paulo Sette Câmara, já confirmara ter dado ordens para a desobstrução da estrada onde estavam os sem-terra, o que colaborou para a absolvição de Oliveira, Pantoja e do capitão Raimundo Almendra Limeira.