Crescem mortes de doentes mentais
| Soraya Aggege Agência O Globo São Paulo, SP Eliana perambula pelas ruas de São Paulo. Não sabe de onde veio. Nem se é mesmo Eliana. Lembra que já foi internada e tomava remédios para a cabeça. Até que atendeu às ordens de um rádio que alguém t
Por | Edição do dia 09/12/2007 - Matéria atualizada em 09/12/2007 às 00h00
| Soraya Aggege Agência O Globo São Paulo, SP Eliana perambula pelas ruas de São Paulo. Não sabe de onde veio. Nem se é mesmo Eliana. Lembra que já foi internada e tomava remédios para a cabeça. Até que atendeu às ordens de um rádio que alguém teria implantado dentro da sua cabeça. Desesperada, saiu de casa. Está perdida. Valentim Gentil Filho, professor da USP e um dos psiquiatras mais recomendados do Brasil, a cada dia encontra nas ruas mais doentes como Eliana, em surto e sem socorro. Indignado, escreveu ao Conselho Federal de Medicina (CFM): Pergunto se, ao passar por um doente mental grave e não atendê-lo, estarei infringindo o Código de Ética Médica, além de cometer crime de omissão de socorro. ### Atendimento precário nos hospitais País vive, seis anos depois, uma encruzilhada: fechou parte dos desumanos manicômios, mas não criou atendimento suficiente para doentes saídos dos hospitais. O Brasil tem 16,5 milhões de doentes mentais que precisam de internações eventuais, além de tratamento ambulatorial. E mais de 20 milhões de brasileiros têm doenças mentais mais leves e podem precisar de tratamento. De 2002 a 2007, o total de leitos psiquiátricos caiu de 51.393 para 38.842. O governo se comprometeu a criar leitos em hospitais gerais e uma rede de atendimento comunitário, além de residências terapêuticas para pacientes. ///