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Exame de DNA confirma assassinato de Tim Lopes

Rio Trinta e três dias depois do desaparecimento do repórter Tim Lopes, da TV Globo, a polícia do Rio confirmou oficialmente sua morte. Um exame de DNA mostrou que era do jornalista um pedaço de costela encontrado no cemitério clandestino da Favela da Grota, na zona norte do Rio. Um velório simbólico do jornalista será feito hoje, na Assembléia Legislativa do Rio, a partir das 9h. O sepultamento está marcado para as 16 horas, no Cemitério Jardim da Saudade, zona oeste do Rio. O laboratório Sonda, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), examinou 41 dos 150 pedaços de ossos recolhidos em três covas rasas no Alto da Grota, numa localidade conhecida como Pedra do Sapo. Entre eles estava uma parte de costela ainda com tecido muscular, identificada como sendo de Lopes. Os restos mortais foram encontrados no dia 12 de junho, junto com a microcâmera, o relógio e o crucifixo usado por Lopes quando ele desapareceu. Segundo o diretor do laboratório, Franklin Rumjanek, o fragmento estava queimado por fora mas preservado por dentro, o que permitiu o exame de DNA. Em depoimento à polícia, os bandidos que teriam participado do crime contaram que o corpo de Lopes foi queimado depois de ser cortado em pedaços. Amostras de material recolhido da mãe do jornalista, Maria do Carmo, e do filho, Bruno, foram usadas para a comparação. Corpos e óbito Os pedaços de ossos recolhidos no cemitério clandestino continuarão em análise no laboratório da UFRJ. Franklin Rumjanek disse que os 41 fragmentos já testados são de quatro corpos de Tim Lopes, de uma mulher e outros dois homens. Só será possível identificar os restos mortais se as famílias denunciarem o desaparecimento de seus parentes. O processo pode levar até seis meses. De acordo com a polícia, cerca de 60 pessoas sumiram na região e podem ter sido assassinadas nas mesmas circunstâncias do jornalista. O chefe da Polícia Civil do RJ, Zaqueu Teixeira, disse que a família do repórter receberia ainda ontem o atestado de óbito. Hoje, os jornalistas que fariam manifestação em memória de Lopes na Tijuca, na zona norte, vão se concentrar em frente à Alerj durante o velório. Em Brasília, amigos do jornalista assassinado farão protesto no Parque da Cidade, às 10 horas. Quatro bandidos indiciados no crime continuam em liberdade: Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco; André da Cruz Barbosa, o André Capeta; Maurício de Lima, o Boizinho, e Renato Souza Lopes, o Ratinho. Outros quatro já foram capturados: Fernando Sátiro da Silva, o Frei, Elizeu Felício de Souza, o Zeu, Reinaldo Amaral de Jesus, o Cabê, e Ângelo Ferreira da Silva. Desde a notícia do desaparecimento de Lopes até quinta-feira, o Disque-Denúncia havia recebido 1.099 ligações sobre o paradeiro de Elias Maluco. Quem passar informações que levem à sua prisão receberá recompensa de R$ 50 mil. O chefe de Polícia Civil disse que é muito difícil encontrar o bando de Elias, mas reafirmou que os policiais estão trabalhando. De acordo com os depoimentos dos traficantes presos, na noite de 2 de junho, Tim Lopes foi capturado na Vila Cruzeiro e levado para a Grota num Palio. Ele fora lá para gravar imagens de um baile funk onde haveria venda e consumo de drogas e shows de sexo explícito envolvendo menores de idade.