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Explosão interdita parcialmente terminal Pinheiros, em São Paulo

Gate foi acionado e detonou segunda bomba que estava no mesmo pacote deixado em sacola na plataforma

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Agente do gate inspeciona material que conteria explosivos caseiros
Agente do gate inspeciona material que conteria explosivos caseiros | Foto: Reprodução

Após uma explosão, o terminal Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, foi parcialmente interditado na manhã desta quarta-feira (12). O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar foi acionado.

A concessionária que administra o terminal afirmou que, por volta das 5h30, duas sacolas foram deixadas por um homem em uma das plataformas do terminal.

"Uma delas gerou uma pequena explosão que, felizmente, não causou quaisquer danos nem ferimentos às pessoas nas proximidades", afirmou em nota.

No local, o técnico explosivista foi equipado com o traje antifragmentação, fez aproximação e imagens fotográficas, bem como captação de imagens de raio-x do artefato, que não acionou.

Ainda de acordo com o Gate, foi realizada intervenção através de um canhão disruptor. O agente conseguiu retirar a fonte de alimentação deixando artefato em segurança e separando todos os componentes.

Vitor Haddad, 1º tenente do Gate, afirmou que o segundo objeto era um artefato e tinha potencial explosivo.

Junto aos artefatos foram encontrados panfletos em alusão ao Partido Comunista do Brasil. Porém o símbolo e o nome apresentados são diferentes dos utilizados pelo PCdoB.

"Abaixo os generais golpistas! Morte aos fascistas! Viva o Maoismo! Viva a Guerra Popular! Viva a Revolução Democrática! Partido Comunista do Brasil - P.C.B", dizia um deles.

O Diretório Estadual do PCdoB negou qualquer envolvimento com o caso.

"O Diretório Estadual do PCdoB SP vem a público esclarecer, de forma categórica, que não tem qualquer envolvimento com os artefatos explosivos que foram colocados na estação Pinheiros, tampouco com a carta supostamente assinada por nossa organização. Trata-se de uma grave e irresponsável provocação, cujo objetivo é atacar o PCdoB e confundir a opinião pública", afirmou o diretório em nota.

"Estamos tomando todas as medidas jurídicas cabíveis para apurar as responsabilidades por esse ato criminoso e identificar os verdadeiros autores dessa provocação", ressaltou o partido.

Um outro partido, que tem uma sigla parecida, o PCB (Partido Comunista Brasileiro), também afirmou não ter relação com o fato.

"O PCB esclarece que não tem absolutamente nenhuma relação com o ocorrido. Tais atos, em nosso país, possuem o histórico de serem praticados por grupos da extrema-direita, como o atentado do Riocentro, o caso do gasômetro na época da ditadura e os atentados terroristas em Brasília, em 2023. Repudiamos qualquer tentativa de envolver o PCB em episódios dessa natureza", afirmou em nota a Comissão Política Nacional Partido Comunista Brasileiro.

A explosão e movimentação atípica assustaram os trabalhadores do local.

Aline Vaz, 28, que trabalha num quiosque da mesma plataforma onde houve as explosões, disse que a segunda causou muito barulho, mesmo tapando os ouvidos.

Gabriely Fernandes, 21, atendente de um quiosque ao lado, servia um café na hora da primeira explosão, e derramou o líquido com o susto. Ela contou que achou que era um ataque terrorista.

Segundo a SPTrans, 41 linhas de ônibus são operadas no terminal.

"Duas plataformas permaneceram interditadas para que as investigações seguissem com segurança. A operação do terminal foi mantida, apenas com remanejamento das plataformas de embarque", ressaltou a concessionária.

O caso será investigado pelo 14º DP (Pinheiros), que tenta identificar os suspeitos.

A Folha apurou que agentes do Gate e policiais civil tentariam remontar no 14º DP o artefato explosivo a partir dos destroços. Segundo informações preliminares, o material contava, aparentemente, com dispositivo eletrônico e pavio. O trabalho seria feito para descobrir como o dispositivo funcionava.

Para o ex-comandante do esquadrão antibombas do Batalhão de Operações Especiais da PM do Pará, César Mello, que analisou imagens do ocorrido a pedido da reportagem, o explosivo era um artefato caseiro. "Não é um explosivo industrial, como uma granada ou um TNT, por exemplo. A construção foi bem simples, com uma fonte de energia de pilha de 12 volts, que ficou intacta após a detonação", afirmou Mello, associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"Havia muito pouco explosivo, provavelmente pólvora, suficiente apenas para espalhar o material do interior da embalagem. Se houvesse uma quantidade maior de pólvora ou outro tipo de explosivo, as pessoas que estavam próximas teriam sido feridas", afirmou o especialista.

Sobre o acionamento, Mello sugeriu três hipóteses. Uma delas seria a detonação com aparelho celular, o que ele descarta por causa do conhecimento exigido e pela falta de uma peça remanescente. A outra, algum tipo de sensor de movimento, que detonaria a bomba caso alguém tentasse mexer na mochila, por exemplo. A terceira, que julga mais provável, seria um timer.

Essa também é a opinião do presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, segundo as imagens. "Normalmente atuam com temporizador. Tudo indica que seja um artefato à base de um temporizador que, quando acionado, desencadeia uma descarga elétrica que vai detonar o explosivo."

Camargo também aponta uma origem caseira para o artefato, com pouco poder de destruição, mas não necessariamente inofensivo. "Claro, se estiver perto de alguém, se alguém manipular e ele detonar, pode causar dano, mas não parece ter poder de destruição grande."

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