Investigação
Famílias denunciam maus-tratos e negligência em creche no DF
Centro Educacional Doce Infância disse aos pais que queimaduras foram provocadas pelo piso da escola


A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga uma creche particular da região do Gama onde um bebê sofreu queimaduras de 2° grau nos pés e outro levou um choque na boca.
Ayla Melo, mãe do bebê que levou um choque na boca após ser deixado sozinho em uma sala em reforma, diz que entrou na Justiça contra a creche. Os pais do bebê que queimou os pés registraram um boletim de ocorrência na 14ª DP, no Gama.
A direção do Centro Educacional Doce Infância afirmou, em comunicado aos pais, que as queimaduras nos pés do menino foram provocadas pelo piso da escola, e que acionou o fabricante. Ao g1, a escola lamentou os dois casos e disse que prestou toda a assistência e suporte aos alunos, e que, além de rever medidas de segurança, colabora com a investigação que está sob segredo de justiça.
A Secretaria de Educação disse que acompanha os casos e que está monitorando o atendimento das crianças.
O Centro Educacional Doce Infância é particular e está credenciado à Secretaria de Educação do DF (SEEDF) até dezembro de 2028. O local oferece aulas de educação infantil – creche e pré-escola – e ensino fundamental – do 1° ao 5° ano. A escola atende por meio do Programa de Benefício Educacional-Social (PBES), o Cartão Creche, segundo a Secretaria de Educação.
Na terça-feira (11), a mãe da criança que teve os pés queimados, Monara Lourenço, recebeu uma ligação durante a tarde para encontrar o filho no posto de saúde perto da escola. Ao chegar no local, a mãe viu as queimaduras nos pés do bebê.
"Ela [funcionária] falou que ele brincou no parquinho e passou por cima do tapete de EVA, e estava quente. [...] Mas o médico do posto disse que era queimadura de segundo grau, que ele tinha que ficar mais tempo", diz a mãe da criança.
O bebê foi encaminhado pela polícia ao Instituto Médico Legal (IML), que examinou a gravidade das queimaduras. O laudo ainda não foi finalizado.
Outras vítimas
Monara conta que publicou em suas redes sociais sobre as queimaduras do filho e que outras mães, que têm crianças na mesma creche, também denunciaram a instituição.
Uma mãe disse que a filha estudou no Centro Educacional Doce Infância por um ano, e que a criança chegou em casa com marcas pelo corpo, como se tivesse sido agredida por um adulto;
Uma mãe disse que sempre chegava cerca de 10 minutos antes do horário de saída das crianças e que, da esquina, conseguia ouvir as professoras gritando com os alunos. Ela também denunciou que a filha uma vez chegou com um hematoma na testa, e que a escola não mandou nenhum bilhete;
Uma mulher que se identifica como estudante de pedagogia disse que iria fazer um estágio na creche. No entanto, ela não conseguiu ficar nem um dia completo na escola. Ela conta que as crianças são maltratadas psicologicamente, ameaçadas, e que presenciou uma das monitoras pegando o braço de uma criança de dois anos com força.