ECONOMIA
Brasil ataca tarifas na OMC e recebe apoio de 40 países
Medida foi uma das anunciadas por Lula para tentar conter tarifaço dos EUA


O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Gough, condenou, em discurso apresentado na Organização Mundial do Comércio (OMC) nessa quarta-feira (23), tarifas "arbitrárias", anunciadas e "implementadas de forma caótica".
A manifestação ocorreu durante reunião do Conselho Geral da OMC, em Genebra, na Suíça. Em seu pronunciamento, o representante brasileiro registrou profunda preocupação com "uso de medidas comerciais como instrumento de interferência em assuntos internos de outros países".
Com as falas, sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o país recebeu apoio de outros 40, entre eles do Brics, UE e Canadá.
No último dia 9, ele anunciou que o governo dos EUA irá taxar em 50% os produtos brasileiros vendidos no mercado americano a partir de 1º de agosto.
No discurso dessa quarta, o enviado do governo brasileiro destacou que tais medidas "estão interrompendo as cadeiras de valor globais e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação".
Além disso, sanções unilaterais desse tipo "equivalem a uma violação flagrante dos princípios fundamentais que sustentam a OMC e são essenciais para o funcionamento do comércio internacional".
A apresentação de um recurso à OMC foi uma das medidas anunciadas pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tentativa de conter a implementação das tarifas de 50% sobre exportações brasileiras em território americano.
Desde que Lula passou a mencionar a possibilidade de o Brasil recorrer formalmente ao órgão internacional, diplomatas têm avaliado que o órgão de solução de controvérsias da instituição está paralisado e sem capacidade de agir e, mesmo que tome uma decisão, sem força para implementar.
SILÊNCIO
A poucos dias do final do prazo para o governo dos Estados Unidos aplicar sobretaxas de 50% sobre produtos importados do Brasil anunciada por Donald Trump, os canais de negociação formais entre o governo brasileiro e o americano seguem fechados.
Americanos sinalizaram que as tratativas só devem caminhar a partir de uma autorização do presidente Donald Trump para a abertura de canal oficial de diálogo. Integrantes do Palácio do Planalto dizem ter a informação de que o caso está na Casa Branca e sem previsão de uma resposta às iniciativas do governo brasileiro.
Como esse diálogo é interditado nos canais formais, integrantes do governo começam a duvidar de um desfecho a tempo hábil de reverter a aplicação da sobretaxa em 1º de agosto.