Sulanca explora m�o-de-obra infantil
Caruaru, PE No início de cada semana, as ruas centrais da cidade de Caruaru (a 130 quilômetros de Recife) parecem um formigueiro. São cerca de 15 mil barracas, 150 mil pessoas de todos os pontos do Nordeste e um volume de vendas que chega a R$ 15 milhõe
Por | Edição do dia 21/12/2008 - Matéria atualizada em 21/12/2008 às 00h00
Caruaru, PE No início de cada semana, as ruas centrais da cidade de Caruaru (a 130 quilômetros de Recife) parecem um formigueiro. São cerca de 15 mil barracas, 150 mil pessoas de todos os pontos do Nordeste e um volume de vendas que chega a R$ 15 milhões por dia, segundo cálculos da prefeitura. É o movimento provocado pela Feira da Sulanca, nome dado na região agreste ao comércio de confecções populares. A pujança, no entanto, escancara um grave problema social: a exploração da mão-de-obra infantil. Tanto para trabalhos noturnos e pesados como carregar frete quanto para os mais leves, como a venda de blusas, shorts, saias, calças, roupas íntimas. Só na rua principal da feira, em um trecho de pouco mais de cem metros de extensão, a equipe de reportagem contou 52 crianças trabalhando, à luz do dia e à vista das autoridades. Pelo menos 80% das crianças entrevistadas haviam perdido a aula para ajudar os pais ou trabalhar para terceiros. ### Na feira em Caruaru, os patrões são os próprios pais Caruaru, PE Despachado, parecendo um vendedor experiente e utilizando as mesmas artimanhas dos ambulantes adultos, E., de 10 anos, chega a dobrar os preços de algumas mercadorias. Quando oferece uma blusa por R$ 10, a mãe o repreende, lembrando que é R$ 5. R., de 15, mora em São Caetano e estuda à noite. Diz que o trabalho não atrapalha. Ela vende manequins de loja e ganha R$ 20 por feira. Não tem pai, a mãe é garçonete e afirma precisar de dinheiro para comprar umas coisinhas. G., de 13, também falta à aula todas as terças-feiras. Vende jeans no meio da rua para o pai, que não foi encontrado na feira. Aos 9, J. tem função certa: atrai clientes se esgoelando em cima do banco, em meio a um barulho ensurdecedor de carros de som, carrocinhas com CDs piratas e os pandeiros e cantos dos emboladores. /// Feira da Sulanca na cidade de Caruaru (a 130km de Recife): cerca de 15 mil barracas e 150 mil pessoas de todo o Nordeste. Foto: divulgação