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Nº 5759
Opinião

Ato impatri�tico

DOM FERNANDO IÓRIO * Aproximam-se as eleições. Nada mais justo que valorizar o seu voto. Votar é imprescindível. Que me conste, nunca deixou você de votar, nem vendeu seu voto. Você que me lê, talvez nem o conheça, mas sei que o “dinheiro compra tudo,

Por | Edição do dia 27/08/2002 - Matéria atualizada em 27/08/2002 às 00h00

DOM FERNANDO IÓRIO * Aproximam-se as eleições. Nada mais justo que valorizar o seu voto. Votar é imprescindível. Que me conste, nunca deixou você de votar, nem vendeu seu voto. Você que me lê, talvez nem o conheça, mas sei que o “dinheiro compra tudo, inclusive os bons vinhos”, na expressão de Félix, de Machado de Assis, mormente quando vem nas mãos de quem, no dizer de Sá de Miranda, apresenta “boa cara, bom barrete, boas palavras”. Entretanto, voto não se compra, não se vende, não se troca, tanto quanto não podemos comprar consciência, vendê-la ou trocá-la por nada no mundo. Foi, exatamente, em setembro de 1999, que o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 9840, de iniciativa popular contra a corrupção eleitoral, a lei contra a compra de voto. Comprar e vender voto é crime. Não é de agora o problema da corrupção eleitoral. Por muito tempo, no Brasil, era algo normal. Era o voto de cabresto, por pressão, por dinheiro, por dentaduras, óculos, remédios, comida, água e promessas nunca cumpridas... O povo conseguiu estrondosa vitória com a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Lei 9.840, de 28 de setembro de 1999. Esse pedido ingente de milhões de brasileiros representou importante avanço, embora não tenham deputados e senadores aprovado a lei, em todas as suas exigências, como fora apresentada pelo povo e suas lideranças conscientes. No Brasil, não foram poucos os cassados, com base na legislação atual. Não tergiverse: se algum corrupto quiser negociar seu voto não silencie. A denúncia se impõe. A maior vitória do corrupto é o silêncio da vítima. A lei é poderosa e importante instrumento, mas somente manifestará sua força se a população souber fazer bom uso dela. A religião tem grande poder de ajudar as pessoas na criação de valorosa consciência crítica. É do Vaticano II, na Gaudium et Spes, o enunciado: “Emitir juízo moral, também, sobre as realidades que dizem respeito à política, quando o exigem os direitos fundamentais da pessoa humana” é dever da Igreja. Vote bem. Seu voto consciente vai escolher não o partido, mas homens e mulheres dignos que vão decidir o destino da sua comunidade, de seu Estado, de seu País. Seu voto será importante, à proporção que for responsável, dando resposta a um candidato decente, mediante seu voto consciente. Que chegue, quanto antes, o dia em que os corruptos tenham vergonha de olhar para o povo que, feliz, planejará a festa da consciência crítica, entoando o intenso e prolongado amém...ém...ém da vitória. Para quem é honesto, valem muito mais mil votos conscientes que dez mil obtidos à força do dinheiro, das falsas promessas. (*) É BISPO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

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