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Nº 5821
Opinião

� margem do Censo

JOSÉ MEDEIROS * Neste fim de semana sentei-me para rever números estatísticos do Censo 2000. A primeira lembrança que me veio à mente foi a de que recenseamento é coisa muito antiga. Em um recenseamento na Palestina, no reinado de Herodes, José e Mari

Por | Edição do dia 29/08/2002 - Matéria atualizada em 29/08/2002 às 00h00

JOSÉ MEDEIROS * Neste fim de semana sentei-me para rever números estatísticos do Censo 2000. A primeira lembrança que me veio à mente foi a de que recenseamento é coisa muito antiga. Em um recenseamento na Palestina, no reinado de Herodes, José e Maria, nascidos em Nazaré, foram a cidade de Belém para cumprir determinação legal. Não encontram abrigo; alojaram-se numa manjedoura. Lá fora, os pastores, e no céu claro de Israel, uma estrela brilhante, fulgente, indicava o lugar onde nascera o Messias. O Censo e o recém-nascido tornaram-se fato histórico. No Brasil do Censo 2000 houve mudanças nos costumes e na vida econômica e social. Atualmente, o país tem uma das maiores populações de desempregados do mundo, detém altos índices de exclusão social e concentração de renda. Ficou menos religioso; um contingente maior de brasileiros declararam não estar vinculados a nenhuma religião. Houve avanços na educação e na diminuição da mortalidade infantil. A maioria dos números é conhecida do grande público, por ser continuamente repetida nos meios de comunicação. Mesmo assim há dados que merecem reflexão. Dentre os alunos do ensino fundamental, 89% estão matriculados na rede pública; no ensino médio, 81,2% freqüentam bancos escolares oficiais. O inverso ocorre no ensino superior: apenas 29% dos universitários estudam em instituições federais ou estaduais; os demais são absorvidos por faculdades ou universidades particulares. Acentuada evolução nos índices de habitação. De acordo com o IBGE, a maioria dos brasileiros tem casa própria; 7,5% dos domicílios têm condicionadores de ar, 87% têm televisores; há computadores em 10% das residências. 32,7% dos habitantes deste país têm automóvel. Esses números estatísticos contrastam com uma realidade brutal: mais de 88 milhões de pessoas ganham até dois salários mínimos. As mulheres estão no melhor patamar dos resultados divulgados. São a maioria no país, nas universidades, caminham para ser a maioria nos cursos de mestrado e doutorado. Ganham no grau de escolaridade e em grande parte dos concursos realizados. Aumentou sensivelmente o número de mulheres chefes de família, donas de empresas e executivas. Venceram em setores que, por preconceito, se mantinham inexpugnáveis: na Academia Brasileira de Letras a escritora Raquel de Queiroz foi a primeira a subir os degraus da Casa de Machado de Assis. Nelida Piñon foi presidente dessa entidade cultural. Outros índices vão ainda para as mulheres: vivem cerca de 7 anos a mais que os homens, há mais viúvas que viúvos. Na interpretação do articulista Antônio Gois, a “proporção de homens em união conjugal cresce e a de casadas diminui à medida que aumenta a idade. A partir de 30 anos, a percentagem de mulheres com um companheiro vai caindo ano a ano; é chamada de pirâmide da solidão feminina”. É o novo rosto do país com muitas novidades. (*) É MÉDICO E EX-SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO E DE SAÚDE

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