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Nº 5759
Opinião

�gua � vida

HUMBERTO MARTINS * Vários sentimentos nos acometem com a enorme quantidade de chuva que desabou nos últimos dias sobre o Nordeste, habitualmente flagelado pela falta ou irregularidade de precipitações pluviométricas. O primeiro deles é de preocupação

Por | Edição do dia 17/02/2004 - Matéria atualizada em 17/02/2004 às 00h00

HUMBERTO MARTINS * Vários sentimentos nos acometem com a enorme quantidade de chuva que desabou nos últimos dias sobre o Nordeste, habitualmente flagelado pela falta ou irregularidade de precipitações pluviométricas. O primeiro deles é de preocupação com a destruição provocada nas zonas urbanas e rurais, como conseqüência da falta de estrutura para suportar tanta água. A segunda é de lamentação pela falta de capacidade para estocar essa água que se perde parcialmente. Estivessem fazendas e cidades estruturadas para armazenar a enorme quantidade de água proporcionada pelas chuvas e elas seriam da maior utilidade no abastecimento e na agricultura. A abundância de chuva também provoca uma certa tranqüilidade no que concerne ao nível das represas que abastecem as usinas termelétricas, assegurando que o risco de desabastecimento de energia desaparece por um certo período. Não devem as chuvas que desabaram com tanta intensidade, em janeiro, induzir os setores oficiais incumbidos de prover o abastecimento energético a reduzir o ritmo de obras como linhas de transmissão e outras que fortalecem a opção pela hidreletricidade, imprescindíveis até que uma situação financeira mais confortável das finanças nacionais proporcione uma integração das bacias fluviais, trazendo para o Nordeste as fantásticas potencialidades dos rios do Norte. De qualquer maneira, as fortes chuvas de janeiro no Nordeste, se forem seguidas de um mínimo de regularidade nos próximos meses, deverão aumentar as perspectivas de uma grande safra agrícola e de fortalecimento da atividade pecuária destinada ao abate e à produção de leite. Faz-se necessário que a sociedade seja melhor esclarecida sobre a importância de atribuir ao consumo de água a atitude de responsabilidade que evitará o aumento, a nível fora de controle, da crise de abastecimento que já acomete numerosas áreas, no Nordeste, no Brasil e no mundo. Dentro de 50 anos, aproximadamente, menos de um quarto da população mundial terá disponibilidade ao mínimo de água para uma sobrevivência normal, que é de 50 litros. Em 40 países, a maior parte deles na África, a disponibilidade não chega a oito litros diários, insuficientes para o asseio pessoal, a preparação de alimentos e hidratação. Essa preocupante realidade foi apresentada, detalhadamente, em recente reunião do Plano de Ação de Combate à Desertificação (PAN-LCD), realizada no Recife, capital de Pernambuco, pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, com a presença de representantes da maior parte dos estados nordestinos. O Brasil tem 12% da água de superfície do mundo, o que revela uma proporção de 33 mil metros cúbicos per capita, mas os recursos hídricos são mal distribuídos. O país com menor proporção de água por habitante é o Egito, com apenas 26 metros cúbicos por habitante. Água é um bem da vida que deve ser vista pelos nossos governantes como questão de sobrevivência da população, assim, deve existir uma conscientização das instituições e de cada um, objetivando uma campanha de racionalização. Água é vida. (*) É DESEMBARGADOR DO TJ/AL

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