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Nº 5822
Opinião

Desemprego e promessas

HUMBERTO MARTINS * Alguns candidatos à Presidência da República, no calor da campanha eleitoral, estão prometendo a criação de milhares de empregos nos próximos quatro anos. Como se vivêssemos num economia estatal, em que a simples vontade do evetual p

Por | Edição do dia 03/09/2002 - Matéria atualizada em 03/09/2002 às 00h00

HUMBERTO MARTINS * Alguns candidatos à Presidência da República, no calor da campanha eleitoral, estão prometendo a criação de milhares de empregos nos próximos quatro anos. Como se vivêssemos num economia estatal, em que a simples vontade do evetual primeiro mandatário pudesse abrir vagas no mercado de trabalho num passe de mágica, do dia para a noite. Existem três maneiras distintas de um presidente da República criar, em curto prazo, milhões de empregos: investir, com autorização do Congresso, vultosas verbas em projetos de grande porte; contar com circunstâncias econômicas entre fronteiras e globais que favoreçam o desenvolvimento de projetos agrícolas, industriais ou de prestação de serviços; governar numa época de notável prosperidade interna e mundial, quando seja possível aumentar a produção e exportar em curto prazo e em grande escala. Investir, em curto prazo, bilhões de reaisdo orçamento em obras públicas, o futuro presidente da República não poderá, em pelo menos três dos quatro anos de mandato, pois todos os entendidos em política econômica acham que os próximos anos serão ainda mais difíceis do que o atual. Os parâmetros fixados pelo Fundo Monetário Internacional, FMI, para assistir financeiramente ao Brasil e para dar sucessivos atestados de boa conduta à política econômica são implacáveis. Qualquer aumento de gastos, com conseqüente afrouxamento das metas fiscais resultará em sustação dos recursos que são freqüentemente remetidos para o nosso país. Mesmo que uma reviravolta na economia brasileira e mundial propicie a retomada contínua do crescimento econômico nacional e o aumento das exportações, a geração de empregos, em escala tão grande como a que é prometida por alguns candidatos à Presidência da República, depende de uma série de fatores. Tais como a natureza dos empreendimentos, estágios tecnológicos dos projetos implantados etc. A consideração dos desdobramentos sociais do desemprego inclui, atualmente, incursões a temas tais, como seguro- desemprego e aposentadorias, o que tem sido feito pelos candidatos apenas a vôo de pássaro. Os governantes e demais setores responsáveis pelos países têm que formular soluções que garantam uma convivência estável com taxas altas de desemprego, pois essa é uma contingência dos novos tempos de avançada tecnologia e globalização. A criação de novas indústrias, principalmente se for da iniciativa de empresas multinacionais, desdobra-se em parcerias internacionais que fatiam a geração de postos de trabalho em vários países. Para dar apenas o exemplo de uma atividade, o modelo de automóvel lançado no Brasil pode ter componentes produzidos em diversas outras nações. A taxa de desemprego em julho atingiu 7,5% da população economicamente ativa, segundo a pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Em julho do ano passado, a taxa de desemprego havia sido de 6,2%. O resultado do mês passado foi o segundo pior para os meses de julho desde a criação do real, ficando atrás somente da taxa dos 8% registrados em 1998. Desemprego no Brasil, hoje, é uma grande realidade, enquanto promessas de emprego, ainda, são tão-somente programas de campanha eleitoral. (*) É DESEMBARGADOR DO TJ/AL

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