app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5899
Opinião

Folguedos e dan�as

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * “Ó meu rei, meu gunvernadô, meu ambaixadô, queira me socorrê/Eu lhe peço, aqui nessa hora/por Nossa Senhora, não deixe eu morrê!” (trecho de uma peça do Guerreiro) Neste ano em que Maceió ostenta o título de Capital Amer

Por | Edição do dia 04/09/2002 - Matéria atualizada em 04/09/2002 às 00h00

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * “Ó meu rei, meu gunvernadô, meu ambaixadô, queira me socorrê/Eu lhe peço, aqui nessa hora/por Nossa Senhora, não deixe eu morrê!” (trecho de uma peça do Guerreiro) Neste ano em que Maceió ostenta o título de Capital Americana da Cultura, a frustrada expectativa de ações efetivas para fomentar o nosso Folclore, felizmente, foi alentada por dois acontecimentos realmente marcantes e que salvaram o calendário de realizações em prol da cultura popular em Alagoas: a reabertura do Museu Théo Brandão e o lançamento da Associação de Folguedos Populares de Alagoas, presidida pelo folclorista Ranilson França, incansável defensor dos nossos folguedos e danças, que continuam padecendo de falta de apoio e sendo lembrados apenas em agosto ou em esporádicas ocasiões, para apresentações nem sempre bem sucedidas, considerando a discriminação da sociedade e o descaso das autoridades, que não possibilitam aos grupos a manutenção de uma estrutura razoável para um trabalho permanente de promoção e de divulgação. Embora para os participantes dos folguedos a satisfação de “brincar” supere as questões de “marketing”, esse aspecto, no entanto, não pode ser desdenhado, pois, eles precisam de mais incentivos, no sentido da aquisição de trajes, de locais de ensaio e de instrumentos que lhes proporcionem mostrar toda a beleza de ensaio e de instrumentos que lhes proporcionem mostrar toda a beleza de sua arte e ter uma melhoria das condições de vida, haja vista que os mestres, músicos e figurantes são pessoas muito pobres. Para exemplificar a situação de penúria por que passam os tradicionais folguedos populares, uma Chegança ou um Guerreiro com mais de 30 componentes, recebe apenas R$ 300,00, à guisa de cachê, por exibição, diferentemente do tratamento dado a outras modalidades de manifestações artísticas, geralmente contratadas por quantias generosas. Quando o folclorista Théo Brandão catalogou as espécies de folguedos e danças aqui existentes descobriu um tesouro que poderia ser melhor aproveitado, inclusive para projetar Alagoas, conforme fazem outros Estados, por intermédio do seu folclore. Porém, o que se observa, a cada ano, é a descaracterização, o desprestígio e a desativação de parte desse acervo, devido a falta de interesse e de sensibilidade dos representantes dos poderes públicos e da iniciativa privada em promover a cultura popular, preferindo investir noutras atividades menos rentáveis. A esse respeito, recentemente no histórico bairro de Jaraguá, que se propõe alavancar o turismo através do aproveitamento das potencialidades culturais do Estado, um empresário impediu a exibição de grupos folclóricos nas imediações do seu estabelecimento comercial, alegando que: - “Esses velhos feios espantam a minha clientela!” Apesar dos esforços da Associação de Folguedos Populares de Alagoas e da Comissão Alagoana de Folclore, esse quadro só será revertido quando a comunidade, os produtores culturais, os empresários e as autoridades conscientizarem-se da importância do folclore para Alagoas e reconhecerem a necessidade de investir mais nesse segmento, cumprindo, assim, o que dispõe o Artigo 215 da Constituição Federal: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.” Afinal, subvencionar a cultura não é dispêndio, é um bom investimento. (*) É ADVOGADO E MEMBRO DA COMISSÃO ALAGOANA DE FOLCLORE

Mais matérias
desta edição