Sedu��o do saber
GILBERTO DE MACEDO * Engrandecedor é o saber! Enriquece a inteligência, revigora os sentimentos, alegra a alma, eleva o espírito. De posse do mesmo, o homem atinge as culminâncias. Eleva-se na simplicidade, despoja-se do orgulho e da prepotência, cresc
Por | Edição do dia 04/09/2002 - Matéria atualizada em 04/09/2002 às 00h00
GILBERTO DE MACEDO * Engrandecedor é o saber! Enriquece a inteligência, revigora os sentimentos, alegra a alma, eleva o espírito. De posse do mesmo, o homem atinge as culminâncias. Eleva-se na simplicidade, despoja-se do orgulho e da prepotência, cresce na humildade das limitações humanas. Aprende a ver o mundo. Percebe o alcance da existência. Compreende a vida. Por tudo isso, o saber tem um valor que favorece a vida, como diz o provérbio árabe: Um dia do sábio vale mais do que a vida do ignorante. Saber é revelação da realidade. É clarividência. Mostra a substância das coisas. Evidencia a forma das figuras e das imagens. Saber nas diversas manifestações da inteligência: das ciências, das artes, da filosofia. No campo científico: saber da natureza, da realidade da matéria física e da mente, - uma constituição, evolução, e transformação. O mundo não é estático, mas está todo, sempre em movimento, visível ou invisível. No âmbito da filosofia: saber, do sentido e da razão, da existência, da vida, e dos acontecimentos. Daí falar-se, respectivamente, em filosofia das ciências naturais e das ciências humanas da psicologia à história. Saber do conhecimento! E no setor das artes: saber riquíssimo, da criatividade estética, onde a contemplação da obra encanta e a leitura da poesia comove. Saber da beleza! Assim é o que o espírito humano se eleva, donde a razão do filósofo grego Aristóteles dizer: Todos os homens, por natureza, desejam o saber. Pois todos os valores podem ser assimilados através do saber, este constituindo-se, portanto, na maior conquista do homem. Seja pela imaginação criativa, pela intuição vaticinadora, já pelo pensamento ordenado, já, enfim, pela potencialidade mental, voltada para a natureza da realidade. Noutras palavras, é o produto do inconformismo e da inquietação do homem em face dos mistérios do mundo. Desejo sem fim para o descobrimento do que está sob as aparências. Atitude permanente de busca das raízes. Curiosidade construtiva. Nas origens está a verdade. Então, saber que se alcança seguindo a trajetória que vai da pergunta à resposta, roteiro da interrogação, da busca, a curiosidade criativa, e o revigoramento da mente. Saber é, assim, uma consecução maravilhosa do homem enquanto homo-sapiens. Dos sábios de ontem, da filosofia grega, donde se originou a civilização, às concepções modernas das teorias da relatividade, dos quanta, e da mecânica ondulatória; e, não menos importante, a psicanálise, a gestalt, o construtivismo, e as neurociências do cérebro à linguagem; das concepções culturalistas de antropologia; e da genética, com descobertas extraordinárias. E da filosofia do cartesianismo, do marxismo do estruturalismo, do existencialismo, e outros abrindo perspectivas sem fim para o pensamento humano. E, não menos enriquecedor, o campo das artes, com suas escolas do cubismo, expressionismo, surrealismo, e demais fontes de encanto para o espírito. Ser seduzido pelo saber é, assim, um estado de glória. Leva a perceber a vida, como dissemos acima, com naturalidade, sensatez e equilíbrio. Ponderação em relação a si mesmo e aos outros, e diante da infinitude do universo. A respeito Ésquilo já advertia: A verdadeira sabedoria é não parecer sábio. Por fim, a sabedoria é o aperfeiçoamento do homem. O saber seduz. Por isso, vivemos todos voltados para o mesmo, atraídos pelo conhecimento, pela verdade, e pela beleza. É que o saber é a maior riqueza do homem, que lhe permite a plenitude existencial no curso do destino. (*) É MÉDICO