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O Brasil vai mudar?

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A. SÉRGIO BARROSO * Pode parecer mimético. Ou desgraçado. Mas hoje, há num ambiente internacional similar ao circundante à Grande Depressão, de ápice em 1929-33. Entre 1929-37, nós, latino-americanos, fomos arremessados pelo furacão. Apesar da profundidade depressiva, com grande fuga de capitais estrangeiros, houve paralisia no comércio e finanças internacionais. Particularmente Brasil, Argentina e México superam - por substituições de importações - a fase industrial baseada em têxteis, calçados e vestuário, sendo incipientes a química, a metalurgia e materiais de construção. Impasse bastante atual, excetuando-se Bolívia e Paraguai, os outros países sul-americanos e o México desvalorizam então fortemente o câmbio, suspendem os pagamentos dos juros e serviços das dívidas, elevam tarifas de importação e controlam drasticamente o câmbio. Memoráveis lições! Note-se que, de 1930 a meados de 1950, líderes industrialistas e nacionalistas (Perón na Argentina, Paz Estenssoro na Bolívia, Vargas no Brasil, Ibañez no Chile, Cárdenas no México, Alvarado no Peru e Caldera na Venezuela) enfrentaram violentas pressões externas e internas. Nesse curso, o Estado passa a cumprir papel decisivo para suprir as debilidades do capital nacional e o ?desinteresse? do capital estrangeiro. Não só: a luta pela industrialização assume caráter progressista. Tendo o Chile da ditadura de Pinochet (1973) antecipado o programa neoliberal, em 1989, quando surge o Mercosul, o ?Consenso de Washington? (ditado pelos EUA) espalha-se como receituário sistemático na região; é o marco do abandono de projetos nacionais de desenvolvimento, a vassalagem dominante subordina as nações à ?chuva? de capitais especulativos. Onde chegamos? Desindustrialização, desnacionalização e desemprego; estagnação, recessão ou baixo crescimento. Dívidas gigantescas, crises cambiais recorrentes. Há rebeliões na Argentina, Paraguai, Uruguai, Equador... Os EUA? Yes! Querem nos enfiar goela abaixo a Alca (Área Livre de Comércio das Américas), reduzir-nos à atrofia colonial exportadora; e multiplicar famintos, marginais e presídios. Enfatizo, porque não são somente nossos os desafios. O cerco é severo e a crise profundamente regressiva. E não vai existir ?crescimento econômico? algum ? muito menos ?distribuição de renda? -, em qualquer parte do Continente, se alguém garantir ?superávits primários? de 3,75% ou 4% do PIB (Produto Interno Bruto); ?metas de inflação? iguais as atuais, e, via de regra, ?manter os contratos? ou compromissos internacionais. É que nesta tríade se assenta a ?blindagem? liberal: mantém-se o ciclo perverso da sangria rentista ao capital financeiro, e bloqueia-se o crescimento. Evidentemente, sob altas taxas de juros impostas, de público (para manter o cassino), pelo FMI ? leia-se banqueiros e multinacionais dos EUA, especialmente -, o país perde comando de política monetária - o câmbio? Ora, vivemos a ditadura do dólar! Orçamentos castrados, e ?proibida? a emissão da moeda, também não se pode ampliar o gasto público. Claro, se não há crescimento, há ?escassez de divisas?; e boicote do crédito desde já. Divulgou-se, dias atrás, uma ?Carta aos Brasileiros?, em que Lula teria subscrito aqueles três pontos. Ainda no meio da dura batalha pela vitória, afirmo mesmo assim: não devemos cumprir tais compromissos. (*) É MÉDICO E SINDICALISTA

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