Rumos do amanh�
Ridículo foi a definição dada ao nível de investimentos previsto pelo Orçamento de 2003. O carimbo foi posto pelo ex-presidente da Comissão de Orçamento, senador Carlos Bezerra (PMDB/MT). Para o senador, um país do porte do Brasil não pode disponibili
Por | Edição do dia 08/09/2002 - Matéria atualizada em 08/09/2002 às 00h00
Ridículo foi a definição dada ao nível de investimentos previsto pelo Orçamento de 2003. O carimbo foi posto pelo ex-presidente da Comissão de Orçamento, senador Carlos Bezerra (PMDB/MT). Para o senador, um país do porte do Brasil não pode disponibilizar apenas 2 bilhões de dólares para investimentos em sua principal peça orçamentária. Está certo o senador, mas a questão é mais grave e retrógrada do que ridícula. O orçamento apenas reflete a política de antidesenvolvimento levada adiante, durante oito anos, pelo atual governo, que ao fim de seu bimandato, procura estabelecer amarras sólidas contra as iniciativas de seu sucessor quem quer que seja. As amarras, fincadas no Orçamento da União e nos acordos com o FMI e demais credores internacionais, procuram garantir o imobilismo do Brasil nos campos do desenvolvimento. Se produzirá e trabalhará apenas para se pagar dívidas e seus mastodônticos serviços financeiros. Segundo editorial da Folha de São Paulo, publicado no domingo, 1º de setembro de 2002, a herança do governo FHC é um estado com as finanças alquebradas e uma economia cuja condição paradoxal de sobrevivência é manter-se anêmica. Feliz e exata definição. É como se, quanto mais sangue o corpo econômico brasileiro conseguir produzir, mais sangue será sugado, inapelavelmente. Ainda, de acordo com o citado editorial, o governo FHC vem produzindo medidas cujos custos recairão sobre o próximo presidente. Aqui seria mais exato dizer que a conta será paga mesmo pelo povo, como sempre, só que em doses muito maiores de expropriação. O novo presidente será apenas o condutor de um bonde cujos trilhos já estão bem cravados no solo. Ladeira abaixo, a esse motorneiro poucas manobras restarão, e nenhuma capaz de alterar o rumo da queda. Para a cidadania brasileira, é fundamental se conhecer esse processo, para se identificar os próximos passos e se tentar resgatar à força da mobilização de todos os segmentos sociais a esperança de um futuro melhor, menos ridículo, menos servil.