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Nº 5821
Opinião

Sal e fel

RONALD MENDONÇA * Ainda sem definições sobre o adversário de Lula - o Fenômeno - para o segundo turno, teme-se que, daqui para frente o desespero comece a bater mais forte nos corações e mentes dos postulantes e aí as acusações mútuas passem do estágio

Por | Edição do dia 14/09/2002 - Matéria atualizada em 14/09/2002 às 00h00

RONALD MENDONÇA * Ainda sem definições sobre o adversário de Lula - o Fenômeno - para o segundo turno, teme-se que, daqui para frente o desespero comece a bater mais forte nos corações e mentes dos postulantes e aí as acusações mútuas passem do estágio de meias verdades para o de meias mentiras. Tudo depende de como se lê o fato. É o que vai ocorrer, por exemplo, com os dados do IBGE divulgados nessa quinta- feira revelando, dentre outras coisas, que não houve aumento significativo da concentração de riqueza, fato em si que não deveria ensejar o menor júbilo, uma vez que (a concentração) já se encontra num vergonhoso patamar. Não é o que pensa o presidente. (O mesmo IBGE registra queda do ganho do trabalhador em 10%, detalhe que passou despercebido.) Imperiais marqueteiros, com a total conivência dos candidatos, e movidos a muita grana, não demonstram experimentar o menor constrangimento ao divulgar meias verdades sobre a vida pessoal ou pública dos adversários. É claro que em meio a esse oceano virtual de denúncias, aqui e ali surgem fatos e expressões que não deixam dúvidas sobre a verdadeira intenção do seu autor. É o caso da afirmativa do candidato Ciro Gomes que, numa frase altamente depreciativa, comparou os médicos ao velho sal de cozinha: “Branco, barato e presente em todo o lugar”. Em baixa entre os médicos que o acusam de vilão da saúde em vários Estados mórbidos, o sal recebe especial menção nas Escrituras Sagradas quando o próprio Deus se compara ao “sal da terra”. Não custa lembrar também que a questão do sal desencadeou a queda do Império Britânico na Índia, o que significa dizer que apesar do intencional menosprezo não somos tão pebas assim. Acredito que nos diferentes mea-culpa que Ciro tem sido obrigado a fazer, com ou sem razão, esse do “sal” talvez ele já o tivesse feito, meses atrás, quando sua extraordinária Pillar - nos sentidos literal e figurado - submeteu-se ao tratamento para o câncer. Curioso, na semana passada quando estive em Fortaleza participando de um Congresso, apesar do “sal”, fui surpreendido com o entusiasmo dos colegas médicos e dos taxistas com a candidatura do conterrâneo. Ao que parece, em nome de outras virtudes, o perdão pela incontinência verbal já teria sido dado. O que os nossos colegas, não só do Ceará, mas de todo o País, não conseguem engolir são o desprezo e a humilhação que FHC, Serra & Cia impingiram aos funcionários públicos- médicos e professores em particular . É o regime do “pão que o diabo amassou”. (*) É MÉDICO E PROFESSOR DA UFAL

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