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Nº 5905
Opinião

H�lvio Auto

JOSÉ MEDEIROS * No curso de Medicina aprende-se que ser médico é mais do que exercer uma profissão: é uma missão. Lida-se com a vida humana, que é um bem precioso; convive-se com o ser humano nos seus momentos mais difíceis, de doença, angústia, desesp

Por | Edição do dia 18/09/2002 - Matéria atualizada em 18/09/2002 às 00h00

JOSÉ MEDEIROS * No curso de Medicina aprende-se que ser médico é mais do que exercer uma profissão: é uma missão. Lida-se com a vida humana, que é um bem precioso; convive-se com o ser humano nos seus momentos mais difíceis, de doença, angústia, desespero e desesperança. Hipócrates, considerado o pai da Medicina, viveu muitos anos antes da era cristã, mas deixou um legado de conceitos que ainda hoje são repetidos e analisados nos círculos médicos. São idéias representativas de uma época em que a medicina era apenas intuitiva, de evidências, sem nenhum recurso diagnóstico ou curativo; mas nem por isso deixaram de ser do maior interesse. Vejamos alguns desses conselhos: “Pense no doente; em primeiro lugar é necessário não prejudicar”. Ou ensinamentos como esse: “Medicina se exerce curando às vezes, melhorando quase sempre, consolando sempre”. Uma outra expressão dos tempos hipocráticos: “Primeiro use a palavra... depois a planta, depois a droga (remédio), então o bisturi”. Houve um turbilhão de mudanças nesses últimos séculos, e agora, quase sempre, se descobre o agente que provoca a doença e o meio terapêutico para combatê-la. Lembrei-me desses conceitos quando, na Casa da Palavra, reencontrei Hélvio Auto, meu professor de Medicina e mestre de milhares de outros estudantes, que lançava mais um livro de sua autoria: Doenças Infecciosas e Parasitárias. A noite de autógrafos virou uma festa de homenagem, simbólica e emocional. O mestre Hélvio ensinou durante mais de 50 anos. É reconhecida sua dedicação e devotamento à causa do ensino médico. É considerado um médico humanitário e humanista. Como se tratasse de um fenômeno de comunicação telepática – transmissão extrasensorial  de pensamentos – senti-me, naquele momento, o estudante que  concluía o 3o ano de Medicina e ingressava no Hospital Dona  Constança, no Trapiche, como  batismo inicial da vida hospitalar.  Queria vivenciar a prática, ter contato com os doentes, mas, no fim, o desejo íntimo era outro: ansiava por aprender a ser médico. O professor Hélvio Auto, à época, nos mostrou a realidade hospitalar. Com paciência, orientou esses primeiros passos. O hospital mudou de denominação, hoje é o Hospital de Doenças Tropicais dr. Hélvio Auto – uma justa homenagem. Palavras sem exemplos são tiros sem balas. Todos os oradores reconheceram que ele ensinava com simplicidade e proficiência, legando exemplo de firmeza de propósitos, tenacidade e organização. Fez escola, tem seguidores, seus discípulos mantêm sua tradição, dirigindo uma entidade hospitalar de bom nível e de bom desempenho. A Universidade Federal de Alagoas e a Escola de Ciências Médicas já lhe concederam o título de “Professor Emérito”. Os aplausos prolongados que recebeu naquela noite foram demonstração de reconhecimento ao médico e professor que é uma das unanimidades em nosso meio médico e social. Ao dr. Hélvio Auto, nossa admiração e respeito. (*) É MÉDICO E EX-SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO E DE SAÚDE

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