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Somente uma vez

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GILBERTO DE MACEDO (*) O amor é original e estético. É virtude e valor. É um modelo de beleza e felicidade. Não se faz cópia. Nem se repete. Por isso cada pessoa ama à sua própria maneira. Sem imitação, e singularmente faz a sua felicidade. É único. É um símbolo. E, como tal, dotado de infinitas representações de felicidade. A felicidade. A felicidade no amor é, assim, inesgotável e incansável. Constantemente está a se falar de amor. É por sua harmonia que envolve todo o ser, do corpo ao espírito. É instinto e alma, desejo e imaginação, impulso e consciência. Nele o ser completa-se inteiramente. Daí que amar seja total dedicação e devoção. Sem qualquer dúvida. De tal maneira, é incompatível e insubstituível, em sua doação afetiva. Assim, quando é, de fato, verdadeiro e real, e não aparente e enganoso, o amor é permanente enquanto vida houver. Daí o justo entendimento da célebre frase de Henri Régnier seguindo aos gregos, e seguido pelos poetas modernos (Neruda, Vinícius) de que ?O amor é eterno enquanto dura.? O condicional enquanto, refere-se à contingência de que, não sendo autêntico é perecível; e, mesmo, quando verdadeiro, exige que se lhe cuide com afetividade, pois não recebendo essa merecida atenção, tende a fenecer. Pois, como, diz com todo sentido, o russo Nujeil Lemontev: ?O amor é como o fogo; se não alimentado morre.? Se não há correspondência afetiva mútua ? de amar e ser amado ? o sentimento esmaece. O amor é afinado. Claro. É da lei da Natureza que tudo se desfaz se não é alimentado ou protegido. Daí a frase do poeta: ?Ama, se quer ser amado.? E é assim que o amor só acontece uma vez, por ser único. É porque envolve com toda exclusividade, o coração de alguém que se dedica, inteiramente, de corpo e espírito, ao que ama. Daí que Balzac, entendido no assunto, tenha afirmado: ?O amor é a única paixão que não admite passado nem futuro?. Se, com esse sentido, olha-se para trás, é porque está preso a algo que lá ficou. Se está voltado para o futuro, sonhando, é porque o presente não lhe está preenchendo a afetividade. Ora, amar exige liberdade interior absoluta. Prisioneiro do passado não tem capacidade para amar no presente; quem tem ânsia do futuro é porque tem carência afetiva no presente. Num caso e noutro, o amor não está presente. É assim que Cervantes é incisivo: ?O verdadeiro amor não se divide, e há de ser voluntário e não forçado.? Pois que é levado pela afinidade de sentimentos convergentes, para esse encontro existencial, sem qualquer dúvida, livre de todo constrangimento externo, conforme nos fala o notável Rainer Maria Rilke: ?O amor consiste de duas solidões que se protegem, limitam e procuram fazer-se mutuamente felizes.? Assim, não sabe interferência alguma de fora. É tudo espontaneidade, lealdade e dedicação sob a coroa de valores. Sem traumas, sem conflitos, nem constrangimento, pois conforme diz Madame de Seivgné: ?O coração não tem rugas?. Tudo aí ocorre com retidão, e fluência, sem contradições. Assim, como diz a canção (o bolero espanhol): ?Somente uma vez, amei na vida...? Mais de uma vez, seria, pois, engano, ilusão, jogo de interesse, até delírio. É que, lamentavelmente, nem todos sabem amar. No amor, portanto, está a grandeza da pessoa, a nobreza do ser. O amor é virtude e valor. Engrandece a espécie humana. Jamais é inconseqüente brincadeira, nem, muito menos, irresponsável aventura sexual. É ato de profunda afetividade e elevada sabedoria, por isso nem todos sabem amar. E tão sublime que não convive com deslealdade, mentira, culpa, pecado. É todo puro. (*) é médico

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