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Nº 5905
Opinião

Pris�es e temores

De Norte a Sul, Leste a Oeste, o Brasil acompanhou a caça a Elias Maluco. Havia medo, no Rio de Janeiro (e no resto do Brasil também), enquanto o meliante estivesse solto. Há medo com o que possa acontecer ao serem colocados no mesmo espaço, Elias e Ferna

Por | Edição do dia 21/09/2002 - Matéria atualizada em 21/09/2002 às 00h00

De Norte a Sul, Leste a Oeste, o Brasil acompanhou a caça a Elias Maluco. Havia medo, no Rio de Janeiro (e no resto do Brasil também), enquanto o meliante estivesse solto. Há medo com o que possa acontecer ao serem colocados no mesmo espaço, Elias e Fernandinho Beira-Mar, dois dos mais sanguinários líderes do crime organizado no Brasil. Essa é a situação brasileira. Teme-se a liberdade de bandidos e teme-se a prisão desses mesmos bandidos. Uma maluquice. Elias Maluco foi preso sem barulho, homiziado a apenas 200 metros do quartel-general da “força-tarefa” constituída para o capturar. Pode-se pensar que o bandido chegou-se a seus captores e até se pode especular se houve alguma negociação, por baixo do pano, para tão serena rendição. Uma maluquice? O fato é que a cumplicidade entre os que praticam o crime e os que deviam combatê-lo vai se solidificando como uma das maiores preocupações no Brasil. Não se pode esquecer a assustadora blitzkrieg empreendida por Beira-Mar dentro do que era  considerado o mais seguro dos  presídios brasileiros. O conceito  de guerra relâmpago não teria sido executado com tal perfeição pelos generais alemães das grandes guerras. Vapt-vupt e uma longeva disputa entre facções criminosas poderosas (com ramificações internacionais) foi resolvida antes que se pudesse pronunciar a máxima “Tá tudo dominado”. Na verdade, já estava tudo dominado mesmo. O problema é se esse domínio vai prosseguir com a liberdade de ação que caracterizou esse setor nesses finais anos de governo FHC. O drama, reafirma-se, não é carioca – essa é uma tragédia brasileira, aguçada pela política temerária de se transferir essas lideranças criminosas para regiões onde ainda não existem os tentáculos de suas organizações. O resultado dessa política tem sido claro: ao se transferir tais marginais, transfere-se junto a estrutura criminosa, que se instala e se reproduz na comunidade hospedeira. Fernandinho Beira-Mar e Elias Maluco estão presos, planejando e despachando juntos. A sociedade brasileira aterroriza-se com essa prisão. Parece uma maluquice, mas não é.

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