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domingo, 06/07/2025 | Ano | Nº 6004
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Não há do que divergir da ocupação, pela Polícia Militar, das áreas consideradas (muito) perigosas nas circunvizinhanças do Conjunto Residencial Carminha. Como reação do Estado a um ato bárbaro cometido numa área perigosa, a operação se justifica. Mas discutível é o dia seguinte. No dia seguinte ao término da ocupação, qual será a sorte daquela população sofrida? Não devemos nos esquecer do motivo da operação: o chocante assassinato de uma moradora, acusada pelos traficantes que dominam a região de ter denunciado bandidos à polícia. A questão central é que os bandidos dominam aquela e outras áreas urbanas em Maceió. A ocupação durante um certo espaço de tempo não resolve o problema, exatamente por ser transitória. A transitoriedade poderia, é certo, render frutos mais duradouros se lograr êxito em sua ocupação policial, quebrar a estrutura de dominação das quadrilhas. Para romper essa corrente de crime e terror, é indispensável serem alcançados resultados positivos, claros e transparentes, como a prisão de um número expressivo de bandidos, com o consequente desmantelamento das quadrilhas ?donas do pedaço?. Se as operações de ocupação policial não apresentarem esses resultados em termos objetivos, a ação não ultrapassará os umbrais da exibição pura e simples. Depois das exibições efêmeras de força, é inevitável o retorno de quem, de fato, domina o perímetro. A transitoriedade da demonstração de força também produz outro efeito negativo, imediato: a transferência das quadrilhas para outras áreas da malha urbana. Desalojadas, as quadrilhas nem sempre recolhem-se a esconderijos, nem se mantêm afastadas de suas atividades criminosas. Antecipando-se às ocupações ostensivas, os bandidos simplesmente mudam de endereço enquanto duram as exibições policiais.

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