Sombras do presente
Continua ensombreada a conjuntura brasileira nos campos social e econômico. Com relâmpagos e trovões chamando a atenção sobre os aspectos políticos, em função das eleições, o País segue sendo naufragado sem chamar muito a atenção para a tragédia final, pr
Por | Edição do dia 22/09/2002 - Matéria atualizada em 22/09/2002 às 00h00
Continua ensombreada a conjuntura brasileira nos campos social e econômico. Com relâmpagos e trovões chamando a atenção sobre os aspectos políticos, em função das eleições, o País segue sendo naufragado sem chamar muito a atenção para a tragédia final, produto dos dois mandatos de FHC. As luzes e os ruídos do processo eleitoral parecem manter o povo distante de aspectos fundamentais da realidade. É verdade que entre esses aspectos trágicos varridos para baixo do tapete, pelo menos um tem chamado a atenção do grande público: o crime organizado. Mas além do poder de fogo dos marginais, outros incêndios poderosos estão destruindo quase discretamente o tecido social brasileiro. Quem tem se preocupado com o constante aumento do desemprego no Brasil? Enquanto os candidatos a presidente esgrimam sofismas, frases feitas e promessas de invenção de empregos para depois de serem eleitos, na vida real esse problema cresce com a voracidade de um câncer, consumindo as esperanças de futuro, aterrorizando o presente. Segundo pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o nível de emprego no principal centro industrial do Brasil e da América Latina caiu pelo quarto mês consecutivo. Entre agosto e julho de 2002, deixaram de existir 15.359 postos de trabalho na indústria paulista. Ainda segundo os estudos da Fiesp, desde o início do ano, a indústria paulista eliminou 40.415 vagas, número considerado bem superior ao coletado no ano passado, no mesmo período, quando foram fechados 32.437 postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, foram descartadas 61.529 vagas (isso na locomotiva do Brasil, imaginem no resto do País). Com tanta gente desempregada, o mercado consumidor encolhe-se em proporção semelhante, gerando novos problemas, aprofundando o círculo vicioso do desemprego/empresas em dificuldades. Segundo levantamento do Vox Populi, 65% dos empresários estabelecidos em São Paulo estão cortando ou adiando investimentos. E o Brasil segue sendo afundado, enquanto prossegue a pirotecnia presidencial.