Pobreza escandalosa
A estrela radiosa ficou no hino, pois a pobreza irradiando-se por toda Alagoas tem obscurecido o brilho alagoano. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chocam ao confirmar a realidade de indigência na qual foi jo
Por | Edição do dia 24/09/2002 - Matéria atualizada em 24/09/2002 às 00h00
A estrela radiosa ficou no hino, pois a pobreza irradiando-se por toda Alagoas tem obscurecido o brilho alagoano. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chocam ao confirmar a realidade de indigência na qual foi jogada boa parte da população do Estado. Os números são escandalosos: 218.310 famílias estão situadas numa faixa de rendimento médio mensal abaixo do salário mínimo. Tomando como base o número padrão de cinco pessoas por família, temos mais de um milhão de seres humanos (um terço de toda a população alagoana) submetidos a uma realidade degradante. Outro dado chocante: 160 mil miseráveis. Esses não possuem nenhuma renda e estão atolados abaixo da linha de pobreza. Noutra informação colhida nessa pesquisa do IBGE, se constata que um outro terço da população 215.021 famílias vive com uma renda média de um a dois salários mínimos, o que não pode ser considerado um rendimento desejável para se enfrentar o custo de vida imposto pela política de FHC. Come se vê, dois terços da população alagoana formam um mercado consumidor que não tem condições de consumir muita coisa. É a acentuação do círculo vicioso da pobreza gerando mais pobreza, pois com a estagnação do consumo se estabelecem as condições para a retração da economia local, atingindo os pequenos e microempreendimentos, confinando-os a esse quadro de indigência, aprofundando a prática do subemprego, aumentando as chances do progresso da marginalidade. Esse quadro de horror social é ajudado pela ausência de políticas capazes de atrair novas indústrias. O Brasil, sofre, há anos as agruras de uma verdadeira guerra fiscal, onde cada Estado procura ganhar novos empreendimentos (atraídos por vantagens fiscais e de infra-estrutura). Alagoas está de fora desta batalha e se permanecer nessa posição, os problemas locais com a pobreza só tendem a aumentar para além da tragédia identificada pelo IBGE. A cidadania alagoana precisa cobrar medidas urgentes para enfrentar essa realidade tenebrosa.