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Heran�as e urg�ncias

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EDUARDO BOMFIM * Será um ano especial, atípico. As eleições aproximam-se em um País saturado. Não existe outra palavra para melhor definir o estado de espírito do brasileiro, do nordestino, do alagoano. O cidadão encontra-se farto, cheio, transbordante de ira, indignação e fastio em decorrência dos rumos a que conduziram a nação. Irritado até onde faculta a lei com a sociologia balofa e cheia de frases de efeito, interpretando o desnecessário e secundarizando, ou mesmo ignorando, o fundamental. Empanturrado com a cultura do escapismo, tão em voga, sinônimo de algum tipo de rebeldia sem causa e inócua, quase sempre, sobre uma espécie de arte desprovida de qualquer significado. Aqui, expressa-se uma espécie de vanguarda intelectual dos ?anos loucos, da geração perdida?, imitação do espírito reinante na década de 20, século passado. Ali, cultuam-se umas permanências de adorno sem contínuo histórico, secionada da trajetória de várias épocas, regional ou nacional. Exceções existem e são várias. É o campo da resistência com os olhos e as mentes voltados para o presente, com a perspectiva do futuro. Nestes casos, o passado torna-se fundamental para descrever um itinerário concatenado e subsídio imprescindível ao processo de análise crítica do todo. Este caldo ralo reflete-se igualmente na área ideológica. Os tempos pós-modernos da ?nova ordem mundial? induziram ao vocabulário de grande parte dos políticos, a ?lei de Gerson?, grande jogador e campeão mundial de futebol que em uma propaganda de cigarros, anos atrás, vaticinou: ?O negócio é tirar vantagem em tudo?. Seria bem melhor que ficasse restrito à excepcional capacidade de jogar a sua bola redondíssima, magnífica mesmo, e famosos pelos passes a longa distância de uma precisão milimétrica. Mas eu comecei pelo calendário eleitoral deste ano. Dizia Jorge Amado ?que só vivendo pode-se aprender a ciência dos livros?. E este sábio conselho é que deveria ser realmente observado pelas esquerdas. Elas não devem aplicar a lei de Gerson aos seus objetivos táticos ou estratégicos. Flexibilidade, sagacidade e amplitude políticas não podem ser confundidas com a perda dos princípios. Devo dizer que nesta questão os conservadores são coerentes, porque todas as manobras que fazem nunca estão dissociadas do sentido prioritário. Aquilo em que acreditam e a manutenção elitista do poder tal como o concebem. Afirmo isto e observo o pensamento de Tânia Bacelar em ?Heranças e Urgências?. Pernambucana, militante progressista, grande cientista política e mulher de ação, principalmente nas questões sobre o planejamento no Brasil. Ela afirma que nestes últimos anos ampliou-se a fratura econômica e social no País. Aumentaram a concentração de renda e as desigualdades regionais. A exemplo de Celso Furtado, insiste que o crescimento econômico é uma invenção própria de cada País, com base no estudo científico da região ou Estado. Através da criatividade e autonomia de decisões. Mas que para tanto torna-se imprescindível a vontade política. Alerta-nos para o fato de que as elites, majoritariamente, dissociaram-se deste destino histórico. Nacional, regional ou local. Conclui-se, portanto, que a tarefa fica por conta das esquerdas, lato sensu, e outros setores dispostos a participarem da epopéia do resgate da dignidade do povo. Para tanto, elas, ou adquirem rapidamente a maioridade ideológica e apontam um novo rumo para o povo, forçadas pelas urgências que impõem o momento histórico, ou o discurso sobre a unidade limitar-se à exclusivamente ao palavreado vazio, simples engenharia eleitoral. (*) É ADVOGADO

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