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Nº 5759
Opinião

Ora, l�grimas...

Chorou o candidato José Serra ao deixar o cargo de ministro da Saúde para continuar em sua senda eleitoral, com vistas ao Palácio do Planalto. Justo choro, pois o quadro da saúde, sob sua responsabilidade política, é dramático. Choram muito mais os bras

Por | Edição do dia 22/02/2002 - Matéria atualizada em 22/02/2002 às 00h00

Chorou o candidato José Serra ao deixar o cargo de ministro da Saúde para continuar em sua senda eleitoral, com vistas ao Palácio do Planalto. Justo choro, pois o quadro da saúde, sob sua responsabilidade política, é dramático. Choram muito mais os brasileiros e brasileiras, submetidos ao descaso que transformou ações de política de saúde pública em politicagem de campanha. As lágrimas derramadas pelo povo não estão sendo consoladas. Acometida de uma epidemia que poderia ter sido evitada, a população brasileira vai se assustando com a incompetência de seus governantes. No Rio de Janeiro, eleita a capital da dengue, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou, ontem, 1.382 casos de dengue em apenas 24 horas. Desde o dia primeiro de janeiro de 2002, estão registradas 11.646 ocorrências de dengue na Cidade Maravilhosa, e nesse número, 254 são da temível dengue hemorrágica, que ceifou a vida de 11 pessoas nesse espaço de tempo. Enquanto se degladiam os governos municipal, estadual e federal, uns jogando sobre os outros as responsabilidades da epidemia, os heróicos funcionários (mal pagos) da saúde fazem das tripas coração para evitar, na marra, a proliferação do mosquito transmissor da moléstia, Reviram cacos de vidro, secam bacias, decepam bromélias. E o candidato, que foi ministro todo-poderoso, verte lágrimas de crocodilo. Cenas do Brasil 2002. É doloroso se vivenciar um grande País  como o Brasil, com tudo para dar  certo, ser eternamente o “País do  futuro”, com o presente real cada  vez mais retroagindo a um passado que deveria estar em museu, como o deveria ser o caso do  terror disseminado por um simples mosquito, o aedes aegypti, que no início do Século XX, teve  em Osvaldo Cruz e nas autoridades de sua época, combatentes  implacáveis e vitoriosos (e sem  choromingos). Cabe ao povo enxugar as lágrimas e dar sua resposta e não permitir a continuidade dessa realidade.

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