Opinião
Torcida bandida

Incidente registrado na sexta-feira, 23 de setembro, demonstra o quão fundo está enraizado o banditismo na sociedade contemporânea. Na citada ocorrência três pessoas foram alvejadas por projéteis de arma de fogo quando participavam de um evento numa sede de torcida. O atentado foi perpetrado contra pessoas que se reuniam em uma nova sede de uma das torcidas organizadas em Maceió. As suspeitas, ululantes, apontam para integrantes de torcida adversária. Os alvejados são jovens de 19, 17 e 16 anos de idade. Presumivelmente, acatando-se a hipótese óbvia dos agressores serem de torcida rival, também deverão ser jovens. Um quadro aterrador que acrescenta tons ainda mais sinistros ao drama geral da insegurança pública e, em particular, impõe mais tenebrosidade à realidade das torcidas organizadas. Convertidas em verdadeiras gangues, esses segmentos de torcidas transformam sua organização, antes sinônimo de alegria e vigor saudável, em seu antônimo. Cada vez esses grupos enveredam, de forma organizada, nos descaminhos da violência, do vandalismo, enfim, mergulham na criminalidade pura e simples. Num curto espaço de aproximadamente um mês, dois episódios trágicos, comprovaram com sangue essa transformação, ou melhor, deformação, que grassa sobre o que foi um orgulho nacional. Até relativamente pouco tempo, as torcidas eram uma referência de paixão construtiva, coletiva. Sua organização era sinônimo de multiplicação da alegria, da criatividade, do amor a seu clube. Nos dias em curso, o simples mencionar do termo ?torcida organizada? já levanta suspeitas, comprometendo seriamente a imagem de todas as formas de torcidas organizadas, confundidas com pequenos grupamentos de bandidos que, com suas ações criminosas, estão ferindo de morte uma instituição que muito tem a dar, de construtivo, ao esporte no Brasil.