Problemas grav�ssimos
HUMBERTO MARTINS * A pauta de problemas inadiáveis e de grande gravidade com que se defrontará o novo presidente da República, a ser eleito ainda este ano, é de tal dimensão que é difícil escalonar quais as questões a serem enfrentadas com mais urgênci
Por | Edição do dia 08/10/2002 - Matéria atualizada em 08/10/2002 às 00h00
HUMBERTO MARTINS * A pauta de problemas inadiáveis e de grande gravidade com que se defrontará o novo presidente da República, a ser eleito ainda este ano, é de tal dimensão que é difícil escalonar quais as questões a serem enfrentadas com mais urgência. Mas pelo menos três deles são de modo a causar enormes preocupações: composição com os organismos financeiros internacionais, em especial com o Fundo Monetário Internacional, FMI, para conseguir reescalonar os pagamentos da dívida externa e reduzir os juros; criação de um programa de emergência para reduzir o tamanho do desempenho e aperfeiçoar instrumentos compensatórios, tais como auxílio-desemprego, e adotar um conjunto de medidas para reduzir a insegurança que campeia, de modo descontrolado, em todos os quadrantes do País. O reescalonamento do pagamento da dívida externa e a redução dos juros pagos, se não forem adotados, agravarão o arrocho financeiro que obriga o País a comprometer metas absolutamente indispensáveis, tais como a geração de energia, para citar apenas um exemplo. Qualquer conhecedor elementar de economia, sabe que o Brasil não tem estrutura econômica para pagar tanto, em tão pouco tempo, com juros tão altos. O desemprego, que só em São Paulo, capital, atinge dois milhões de pessoas, cria o clima propício para uma série de questões graves, entre elas a violência. Não é preciso ser sociólogo para saber que o indivíduo que não tem absolutamente o que perder, que acorda sem os alimentos para o café da manhã, é mais vulnerável aos chamamentos do crime. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em desempregados, com 11,454 milhões de pessoas sem trabalho. Os números referem-se ao ano de 2000, pois não existem atualmente estatísticas confiáveis mais atualizadas. Quanto à criminalidade, assume proporções no Brasil que são iguais aos piores índices registrados na América Latina e África, regiões cronicamente problemáticas. Em apenas 30 meses, 97.855 pessoas foram assassinadas no Brasil. O número representa 105 mortes violentas por dia, em média. No ano de 2000, os homicídios dolosos somaram 39.869, superiores ao que aconteceu na Colômbia, onde grassa uma guerra civil, pois naquele país foram assassinados, no mesmo período, 25.351 indivíduos. Para se ter uma idéia da gravidade da questão, mencione-se que em cada 100 mil brasileiros, 11,54 são assassinados. Por ter a maior população entre todos os Estados brasileiros, São Paulo registra também o maior número de mortes. Foram 31.132, de janeiro de 1999 a junho de 2001 dados disponíveis atualmente Rio de Janeiro, com 13.185 assassinatos, e Pernambuco, com 88.795, revelam igualmente dados alarmantes. O Brasil tem inúmeros problemas graves e inadiáveis são suficientes para tirar o sono do mais equilibrado e sereno dos administradores públicos. Com uma política séria, justa e independente dos nossos governantes, sem submissão aos interesses internacionais, com certeza, o Brasil irá superar todas as crises em busca de uma sociedade mais humana e solidária. * É DESEMBARGADOR DO TJ/AL