Encontra-se na Câmara dos Deputados um projeto propondo a elaboração, pela Agência Nacional de Águas (ANA), de um relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos do Brasil. De acordo com a Agência Câmara, pelo texto, o documento deverá ser colocado à disposição da sociedade, inclusive pela Internet, e deverá conter a avaliação quantitativa e qualitativa desses recursos em cada bacia hidrográfica e a evolução de disponibilidade. A proposição é bastante oportuna por vários aspectos. Um deles: a sociedade precisa estar informada sobre os problemas relacionados à água. Da demanda à necessidade de preservação dos mananciais e de combate à má-utilização desse bem público. E, especialmente, porque, segundo o seu autor, deputado Ronaldo Vasconcellos (PT-MG), o conhecimento do estado dos recursos hídricos é fundamental para o planejamento das atividades econômicas, da expansão dos serviços públicos e até para a ocupação nacional do território. O projeto é apresentado à Mesa da Câmara justamente neste ano denominado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional da Água Doce. E quando este mesmo organismo prevê que, em 2025, dois terços da população mundial – ou 5,5 bilhões de pessoas – viverão em locais que sofrem com algum tipo de problema relacionado à água. Ao mesmo tempo, aumentam as preocupações, em várias partes do mundo, a partir das advertências feitas por cientistas de que a água é mal distribuída no planeta, cobre 70% da superfície da Terra, e, desse montante, 97,5% são salgadas. E mais: dos 2,5% de água doce restantes, quase dois terços estão congelados nos pólos. Quase 70% da água doce disponível é aplicada na agricultura. Por causa de sistemas de irrigação ineficientes, principalmente nos países em desenvolvimento, 60% dessa água é perdida na evaporação ou retorna aos rios antes de ser usada. Há, ainda, outros dados preocupantes, como os que mostram 50% da água potável sendo desperdiçadas nesses países, em decorrência de vazamento e sistemas ilegais. Cerca de 90% dos esgotos e do lixo industrial jogados nas águas sem tratamento adequado, e mais de 2 milhões de pessoas que morrem a cada ano vítimas de doenças associadas à falta de água ou más condições sanitárias.