DR. RUBENS BARROS COSTA, UM MESTRE DA ONCOLOGIA

Lembro-me de você, caro Rubens, quando estudávamos no Colégio de Assembleia, em Viçosa, disputando as melhores notas com nosso amigo Alberto Carnaúba dos Anjos, hoje engenheiro eletricista em Campina Grande. Alagoano, casado, pai de três filhos que o seguiram na formatura de médico (um dos quais já se encontra a seu lado na especialidade e os dois outros ainda estão nos Estados Unidos), parece que estou a nos ver junto ao Reimes e o Warner jogando bola no campo do ginásio e depois íamos para a sala suados, quando então a professora de História e Geografia, Delba Correia, nos repreendia: ?Meninos, vocês estão todo molhados, fedidos, não tomaram banho; por favor, não venham para as minhas aulas deste jeito!? Terminamos o curso ginasial em 1964, áspero ano de revolução militar. Guardo uma foto da turma na qual você está bem para caramba: em pé e de braços cruzados; vou, aliás, enviar-lhe uma cópia, pois é uma grande recordação. Nunca me saiu da cabeça uma frase do ex-reitor da Ufal Nabuco Lopes: ?Marcos, os verdadeiros amigos são os de infância, porque não têm inveja, indiferença, nem espírito de concorrência. Sem pretensões, interesses ou cobiças?. Assim éramos nós. Você, talvez, já levava a vida mais a sério, compenetrado nos estudos, alcançando longe. Fez agronomia em Areia na Paraíba, onde seria docente, ?pensando grande?, na frase feliz de nosso professor de Geografia e Desenho, Ivan Vilela. Mas seu desejo era mesmo o de ser médico; e foi o Recife que o abrigou como mestre, cidadão e cientista referência em oncologia no Brasil. Recordo agora um teste de matemática, no final do curso ginasial, quando fiz quase toda a prova colando de você. Ao dar as notas, em tom pilhérico, o professor Manoel Firmino se referiu a mim: ?Marquinhos, você está de parabéns, não é que tirou dez! Desta vez estudou muito...? Era eu um aluno regular, ao passo que você, de par de uma farda toda engomada, sapatos engraxados, bonita grafia, sempre fora dotado de uma força de vontade hercúlea. Recentemente, após quarenta anos, foi uma alegria imensa revê-lo. Percebi então que em nada mudara: o mesmo Rubens, calmo, comedido, passos lentos, bem vestido, com aquele ar de pose de quem realmente chegou aos cimos de uma profissão ética, intelectualizada, humana. Nem todos os merecedores por seus bons e públicos serviços prestados são devidamente reconhecidos. E esta virtude serena e recompensadora é agora toda sua.