A fome
Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), relativos a 1998 e 1999, já colocavam Alagoas como o terceiro Estado brasileiro depois do Maranhão e do Piauí em número de indigentes (56,84% de seus 2,817.903 habitantes). Essa impressionante quantidade de pess
Por | Edição do dia 16/10/2002 - Matéria atualizada em 16/10/2002 às 00h00
Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), relativos a 1998 e 1999, já colocavam Alagoas como o terceiro Estado brasileiro depois do Maranhão e do Piauí em número de indigentes (56,84% de seus 2,817.903 habitantes). Essa impressionante quantidade de pessoas vivia com menos de 80 reais por mês, quantia insuficiente para suprir as necessidades básicas. O estudo da FGV também indicava que tem menos de 15 anos de idade, a metade deste contigente de alagoanos, que mais sofre os efeitos dos problemas da má distribuição da renda no País, que está entre as piores do mundo. E erradicar a miséria no território alagoano custaria R$ 59 milhões mensais ou 16,3% do Produto Interno Bruto (PIB), bem menos do que era aplicado há sete anos na área social. Lembramos estes números quando a nação brasileira se prepara para escolher, em definitivo, no dia 27, o seu primeiro presidente do século e do milênio e por ser hoje o Dia Mundial da Alimentação. Também devido ao crescimento das preocupações com a fome no planeta. Principalmente diante do aumento dos bolsões de miséria e do desemprego em países como o nosso. E face à expectativa que existe com a missão que cada um dos eleitos nestas eleições tem a cumprir em relação aos nossos graves problemas sociais e econômicos. Sobretudo em relação às estatísticas vergonhosas que continuamos exibindo com a falta de ações decisivas de combate a tudo isso. A última estimativa da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), referente aos anos de 1998 e 2000, mostra que há 840 milhões de pessoas desnutridas no planeta, das quais 799 milhões estão no chamado Terceiro Mundo. A propósito, a ONU, ontem, chamou a atenção do mundo para o fato de que ele está se distanciando da meta de reduzir a fome pela metade até 2015. Este ano devemos anunciar que o progresso praticamente parou, disse, por sua vez, Jacques Diouf, diretor-geral da FAO. No atual ritmo, vamos atingir a meta com cem anos de atraso, mais perto do ano 2150 do que do ano 2015. Mas ainda é possível ela ser atingida mais cedo. Mas para isso é necessário ter vontade política, afirmou o próprio Diouf. Acertadamente.