Segunda Batalha
EDUARDO BOMFIM * Depois de uma pausa em função de motivos éticos e eleitorais, retorno com esta coluna a convite da editoria da Gazeta de Alagoas. E entro direto no assunto desta semana, o segundo turno da campanha presidencial. Em primeiro lugar deve
Por | Edição do dia 18/10/2002 - Matéria atualizada em 18/10/2002 às 00h00
EDUARDO BOMFIM * Depois de uma pausa em função de motivos éticos e eleitorais, retorno com esta coluna a convite da editoria da Gazeta de Alagoas. E entro direto no assunto desta semana, o segundo turno da campanha presidencial. Em primeiro lugar devemos analisar o resultado da primeira rodada encerrada em seis de outubro passado. O resultado das eleições demonstrou cabalmente o grande avanço das forças de esquerda em praticamente todo o país. O que significa que o povo brasileiro em sua maioria esmagadora votou pelas mudanças. Uma evidente rejeição à atual orientação econômica e social do modelo neoliberal implantado no país pelo presidente Fernando Henrique e seus aliados. O novo congresso, onde a esquerda e setores nacionalistas cresceram espetacularmente, evidencia que os velhos métodos da política clientelista estão em processo de esgotamento. Muito embora resistam bravamente em alguns bolsões consideráveis. Porém, o que vai determinando é o novo sobre o velho. É bom salientar que, nestes casos, o velho e truculento coronelismo foi substituído pelo curral financeiro. O que dele sobrou é muito residual. Estes são os aspectos que saltam aos olhos diante do resultado eleitoral passado. Trata-se agora de especularmos sobre o que acontecerá em 27 de outubro vindouro. Lula deverá ser eleito presidente da República, caso não aconteça um terremoto político-eleitoral. Os apoios de Ciro e Garotinho ampliam mais ainda a possibilidade de vitória de Luís Inácio Lula da Silva. Estavam enganados aqueles que viam nos dois, adversários em campos opostos. Tive a oportunidade de combater veementemente semelhante idéia no pré-congresso dos educadores (Sinteal), perante mais de mil trabalhadores do ensino em agosto passado, em Arapiraca. Na verdade, os desafios do novo presidente são hercúleos. Receberá uma economia em recessão, submetida à volatilidade e ganância insaciável do mercado financeiro, 10 milhões de desempregados, crescimento do poder de fogo do narcotráfico, concentração de renda escandalosa e perda da soberania nacional. É fundamental construir a governabilidade através do novo congresso e com os governadores progressistas eleitos, promover o crescimento econômico, políticas públicas de distribuição de renda e recuperar a soberania nacional esfrangalhada através de contratos internacionais draconianos. Ninguém irá queimar dinheiro ou rasgar papéis. Mas não podemos ser os sucessores de uma política que aviltou durante oito anos a pátria e o povo brasileiro.