Opinião
A ESPOSA DE JESUS!

O mundão de Deus gosta de sensacionalismo em torno de Jesus e da Sua Igreja. Agora, anuncia-se com estardalhaço um fragmento de certo papiro do século II escrito em língua copta. O fragmento contém oito linhas. Aí se conseguiu decifrar algumas palavras: ?Jesus disse: minha mulher?. A suposta companheira de Cristo voltaria a ser mencionada em trecho logo à frente, de modo ainda mais intrigante: ?Ela será capaz de ser minha discípula.? Pronto! Bastou isto para que se anunciasse com o sensacionalismo e a vulgar e leviana inconsistência de sempre: ?Um papiro identificado por uma pesquisadora norte-americana pode mudar os rumos religiosos do Ocidente?. Recorda, meu Leitor? Já afirmaram também que Jesus fora casado com Maria Madalena! Agora, alguns querem fazer crer que o Senhor possivelmente seria casado, existindo um ?Evangelho da Esposa de Jesus?! Claro que tal texto tardio e originado em ambientes heréticos não pode ser levado a sério como informação histórica sobre Jesus! Mas, pode-se perguntar: o Senhor poderia ter casado? Poderia ter tido um lar, com esposa e filhos? Não! Por quê? Eis: Jesus veio a este mundo para inaugurar o Reino de Deus, o Reino do Pai. Para trazer esse Reino Ele dedicou toda a Sua vida. É Ele próprio, em pessoa, a pregação, o anúncio e a inauguração do Reino: Ele é o Reino, pois Nele o Pai reina totalmente. Toda a sua existência humana é comprometida com o seu querido Papai e é toda para o Pai. No coração de Cristo não havia nem poderia haver espaço para mais ninguém nem mais nada: para nenhuma atividade, para nenhuma palavra, para nenhum amor, nenhuma posse, que não fossem os interesses do Seu Pai: Jesus vive total e perfeitamente para o Pai. Jesus nunca Se pensou a Si mesmo em relação a outra pessoa ou a outra realidade que não fosse o Pai. Ele Se via, fundamentalmente como o Enviado: toda Sua missão, Ele a recebeu do Pai. Tal dependência, tal receptividade total encontra sua expressão maior na palavra Abbá, com a qual Jesus Se dirige ao Seu Deus. Ora, com um pouquinho de conhecimento dos evangelhos e outro tantinho de bom senso, fica claro que, em Jesus, Sua pessoa e Sua missão são totalmente comprometidas com o Pai. Ele e Sua missão se confundem, de modo que todo o Seu modo de existir, absolutamente pobre e disponível está em função do Pai. Por isso, Jesus foi celibatário por opção, como expressão da vinda do Reino e da urgência de abrir-se à sua vinda. É precisamente aqui que se radica também a exigência de celibato, que a Igreja latina faz de seus padres e bispos: ser sinal e prolongamento dessa total dedicação de Jesus ao Pai e ao Seu Reino em favor dos irmãos, com um coração indiviso. Certamente, o mundo jamais compreenderá essas realidades ?porque não conhece a mim nem ao Pai? (Jo 16,3). Tanto mais o mundo for se tornando pagão, mais será insensível para as coisas relacionadas a Deus e ao Seu Cristo. Quanto a nós, com alegria e gratidão, cheios de admiração, contemplamos e mistério...