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Nº 5759
Opinião

Juventude e pol�tica

JOSÉ MEDEIROS * No primeiro turno da eleição presidencial tive a oportunidade de assistir alguns programas e analisar as propostas dos candidatos. Interessava-me, de maneira especial, o que se dizia sobre educação, saúde, cultura, violência, pobreza e si

Por | Edição do dia 23/10/2002 - Matéria atualizada em 23/10/2002 às 00h00

JOSÉ MEDEIROS * No primeiro turno da eleição presidencial tive a oportunidade de assistir alguns programas e analisar as propostas dos candidatos. Interessava-me, de maneira especial, o que se dizia sobre educação, saúde, cultura, violência, pobreza e situação dos excluídos. As idéias apresentadas foram boas, extraordinárias até, pois, se representavam o pensamento dos candidatos, refletiam, também, o conhecimento das equipes de alto nível que elaboraram os documentos. Os textos sobre educação, de dois dos candidatos, foram escritos pelos melhores cérebros do país, professores, especialistas e ex-ministros de Educação. São linhas de pensamento, algumas com caras de Brasil, outras impossíveis de concretização em um ou dois períodos governamentais. Tudo leva a crer que o presidente eleito – mesmo que consiga em tempo recorde mudanças nos rumos da economia – terá que esperar um bom lapso de tempo para que essas medidas se transformem em realidades sociais. É bom pensar que o salário mínimo dobrará, que teremos uma educação pública de qualidade em toda a parte, que deixarão de existir filas nos ambulatórios de saúde ou que diminuirão as desigualdades e concentrações de renda. Não há milagres assim. Ninguém tem a varinha de condão da fada-madrinha, que permita rapidamente fazer transpor as distâncias entre o dourado discurso das campanhas e a prata escura das realidades que deverá enfrentar. Reli um tópico que condena discussão sobre a juventude, sobre os problemas dos jovens atuais. É tema apaixonante, diz respeito às famílias e grupos sociais. Pais e mães se preocupam com desemprego, violência, drogas, Aids e tantos outros agravos. “Fala-se muito que o jovem é o futuro da nação, mas não é dado a ele a oportunidade de mostrar o que sabe e o que pode fazer”, essa foi a opinião de um estudante consultado. O problema do desemprego de jovens e a diminuição da violência são assuntos fortes no palco de prioridades. Programas sobre “o primeiro trabalho” são experiências já iniciadas em alguns municípios, vencidas muitas dificuldades, diga-se de passagem. As empresas desejam gente experiente e lhe falta experiência. Como adquirir experiência se não há estágios e oportunidades práticas de aprendizagem em número suficiente? Um dos presidenciáveis pretende “estimular as empresas que abrirem frentes de trabalho para jovens com idades entre 16 a 24 anos. Para cada vaga criada, a empresa receberá incentivo financeiro do Estado durante seis meses. O programa garante aos jovens emprego formal com carteira assinada e direitos sociais”. Um pacto entre governo e classe patronal. No que tange à violência o assunto é complexo e de difícil solução. Se, por um lado, envolve combate à criminalidade e sua prevenção, por outro, envolve problemas de educação, emprego e renda, desigualdades sociais, esporte, lazer e cultura. É altíssima a taxa de homicídios de jovens. De maneira esperançosa, talvez estejamos no limiar de uma política voltada para a juventude. Mesmo porque tudo dependerá de decisão política. (*) É MÉDICO E EX-SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO E DE SAÚDE.

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