Opinião
A FAM�LIA

Em Brasília, em 1991, na escolha dos temas a serem tratados pelo Papa em cada diocese, em sua próxima visita ao Brasil, escolhi Família e vocações, que sempre considerei de grande urgência e oportunidade para a Arquidiocese de Maceió. Por razões diplomáticas, o tema foi trocado para Campo Grande e, assim, em 17 de outubro daquele ano, o Bem-aventurado João Paulo II proclamava naquela Arquidiocese com ênfase para todo o Brasil: Quero lançar, hoje, um veemente apelo a toda a Igreja no Brasil: a família deve ser vossa grande prioridade pastoral! Sem uma família respeitada e estável, não pode haver organismo social sadio; sem ela, não pode haver verdadeira comunidade eclesiástica! É necessária, pois, uma pastoral familiar, porque a evangelização no futuro depende em grande parte da Igreja doméstica. Na origem da família, nós encontramos o amor. Ela nasce do amor dos enamorados , ela constitui-se no amor e só se mantém no amor. O amor humano, porém, se faz com o perdão. Só perdoando, é que o amor permanece. Quem não sabe perdoar, não sabe amar. O amor na família é quadripartido. São as quatro dimensões que reproduzem as quatro relações fundamentais da pessoa humana, quatro distintas facetas de um mesmo amor. São elas: a nupcialidade é o amor primeiro, que une um homem a uma mulher, que faz a família, que está na origem de tudo. Dele deriva a paternidade/maternidade, é o amor dos pais para com os filhos que faz a comunidade de amor, que é a família unida. A terceira faceta desse mesmo e único amor é a filiação, o amor dos filhos para como os pais. Por fim, a fraternidade que une os irmãos entre si e transforma uma casa num lar de afeto, carinho e compreensão mútua, onde todos sabem perdoar, compreender-se e amar-se mutuamente. A família é, em si mesma, sagrada. É um rito religioso, presidido pelo sacerdote, pajé, ministro religioso ou equivalente. Só a secularização radical da sociedade moderna conheceu o casamento dito civil apenas. Quem pratica adultério de acordo com a moral católica comete ao menos três crimes: contra a castidade, violando a santidade matrimonial; contra a Justiça, violando o direito exclusivo do cônjuge sobre o seu corpo; e o de perjúrio, renegando o juramento que fez diante do altar, na presença das testemunhas. Concluo este artigo (tirado de minha Carta Pastoral de 1992) com uma referência às santas mães de S. Luiz de França e Dom Bosco: Branca de Castela e Margarida Occhiena. As verdadeiras mães cristãs seguem esses exemplos, velando atentamente pelo desabrochar da fé cristã na vida de seus filhos, seguindo seus passos no caminho da prática religiosa e da vivência cristã.