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Nº 5759
Opinião

Mensagem, governos, poder e publicidade

Entre a publicidade e a vida real, não existe uma distância, maior ou menor. De tão incompatíveis, são mundos paralelos. O teorema vale como regra geral e é muito mais reconhecível na propaganda oficial, dos governos e prefeituras a granel. Para vender s

Por | Edição do dia 14/02/2013 - Matéria atualizada em 14/02/2013 às 00h00

Entre a publicidade e a vida real, não existe uma distância, maior ou menor. De tão incompatíveis, são mundos paralelos. O teorema vale como regra geral e é muito mais reconhecível na propaganda oficial, dos governos e prefeituras a granel. Para vender sabonete, pneu de carro, o próprio carro ou um tablet, a peça levada ao consumidor-cliente-cidadão navega o tempo da fantasia, com preocupação zero pela verossimilhança e uma lógica onde cabe tudo, menos a razão. Claro que no setor existem os códigos de ética, zelosos pelo respeito aos valores da sociedade. O discurso não pode enganar o alvo do anúncio como se ele fosse um boneco sem vontade própria e disposto a pagar pelo veículo que voa, pelo aditivo que alegra até a alma, pelas sandálias capazes de atrair sexo e amor. Só isso. Tudo dentro dos mais duros limites do respeito aos direitos humanos e às leis. Vendo por certo ângulo, ainda bem que os criadores devem seguir todo um rosário sobre ética na profissão. Diante da mercadoria, a arte publicitária (um dia chegou-se a isso) deixa tudo bem construído, mostra todos os lados e detalhes que fazem do objeto algo “simples”, “humano”, “verdadeiro”. Não por acaso, é que os “gênios” tupiniquins conquistaram o Velho Mundo – e aperfeiçoaram cada vez mais a sutiliza e a precisão de sua linguagem. Finalmente o alto nível mercadológico e intelectual chegou ao universo da política e do poder. Governos, ideias e candidatos a alguma coisa nunca mais seriam os mesmos. Foi um casamento tão perfeito que as identidades deram lugar à unidade rara, quando coisas distintas se confundem como se diferença alguma houvesse. É propaganda do governo ou comunicado institucional? Parece uma coisa, mas pode ser outra. Naturalmente, a dúvida escapa ao público, que recebe a mensagem sobre o preço do botijão de gás embalada numa atmosfera de beira de praia, sombra e aquela água fresca. De tanto se darem bem, o coração publicitário e o coração do poder não saberiam mais viver separados. Só de pensar nessa hipótese, nesse pesadelo, os dois têm até medo de um crime passional.

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