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Nº 5759
Opinião

Pesos e medidas

O fim da escravidão no Brasil, em 1888, não representou a inserção do negro na sociedade. Ao contrário, a lógica de exclusão foi mantida e, apesar dos avanços nas últimas décadas, essa realidade ainda persiste. Na avaliação do Ministério Público do Trabal

Por | Edição do dia 09/11/2017 - Matéria atualizada em 09/11/2017 às 00h00

O fim da escravidão no Brasil, em 1888, não representou a inserção do negro na sociedade. Ao contrário, a lógica de exclusão foi mantida e, apesar dos avanços nas últimas décadas, essa realidade ainda persiste. Na avaliação do Ministério Público do Trabalho, os negros ainda enfrentam dificuldade na progressão de carreira, na igualdade de salários e são os mais vulneráveis ao assédio moral no ambiente de trabalho, embora a Constituição defina o racismo como crime. Apesar de o percentual de negros na população brasileira superar os 50%, esse índice não se reflete no ambiente de trabalho. O fato é que, por causa do preconceito, os negros têm também dificuldade de ocupar cargos de maior exposição, como relações-públicas, caixa bancário, secretária e recepcionista. Além disso, dados do IBGE mostram que a média de salário do homem branco é R$ 2.507; a da mulher branca, R$ 1.810; a do homem negro, R$ 1.458; e a da mulher negra, R$ 1.071. Nas organizações, a desigualdade entre brancos e negros é mais gritante. Segundo pesquisa do Instituto Ethos, realizada em no último ano, pessoas negras ocupam apenas 6,3% de cargos na gerência e 4,7% no quadro executivo, embora representem mais da metade da população brasileira. Neste contexto, a presença de mulheres negras, em comparação aos homens, é ainda mais desfavorável: elas preenchem apenas 1,6% das posições na gerência e 0,4% no quadro executivo. Especialistas apontam pelo menos três tipos de discriminação frequentes no ambiente de trabalho: a primeira é a ocupacional, que questiona a capacidade do negro de desempenhar tarefas mais complexas, mesmo que este profissional seja capacitado para tais funções; a segunda é a discriminação salarial e a terceira é a discriminação pela imagem, na qual a pele escura e os cabelos crespos são alvo de preconceito e deixam os negros de fora de diversas oportunidades de trabalho. Não existe desenvolvimento econômico sem justiça social, e isso passa pelo fim de todas as formas de discriminação, para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades.

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