Campanha antecipada dribla fato e realidade

O tiroteio verbal entre petistas e tucanos das mais altas patentes informa ao país que a campanha eleitoral já começou. O compromisso do eleitorado com as urnas está marcado, sim, mas somente para outubro de 2014. Nada justifica tamanha antecipação. Vale ressaltar que o clima, mesmo tão longe do momento de uma eleição, alcançou rapidamente o ápice da temperatura. É como se estivéssemos a uma semana de escolher o nome de um novo ocupante para o Palácio do Planalto. Claro que os partidos brigam agora como parte da estratégia para, desde logo, cravar certos lances e testar eventuais cenários e nomes. A ironia é que o bate-boca ríspido entre os caciques de PT e PSDB, arrodeados cada qual com seus satélites, estremece um mundo específico: basicamente aquele povoado por políticos, imprensa e engajados de um e outro. Ou seja, os que terão o direito de escolha, quando chegar a hora certa, estão indiferentes aos golpes dos gladiadores ? e não adianta buscar a atenção da maioria, porque isso não ocorrerá. E é natural que assim seja. O eleitor começa a deslocar seu interesse para candidatos em disputa poucos meses antes da votação, ou mesmo semanas. O que temos agora não difere muita coisa dos cenários anteriores. No discurso, os chefes partidários repetem as boas intenções e ninguém assume o clima de palanque. Dizem uma coisa e, logo em seguida, entram na guerra fora de hora. O debate é saudável e deve ser estimulado. Infelizmente, não é isso o que se tem em casos como esse. As lideranças políticas, do governo e da oposição, partem direto para o ataque, sem compromisso com os fatos. Cada ataque e contra-ataque atinge, numa tacada só, o adversário e a verdade. Não importa se o dito nasce desmentido pela história e nem que os números desautorizem a crítica empoleirada. O poder que embriaga mostra toda sua força de sedução ou loucura. Parece que 2014 já virou a cabeça de muita gente.