app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5759
Opinião

A FORMA��O DE CIRURGI�ES PELA UFAL

Há 24 anos a Universidade Federal de Alagoas, através de seu Hospital Universitário, forma cirurgiões para Alagoas e o Brasil. Foram 68 cirurgiões gerais treinados no período. Nos últimos oito anos, 249 médicos disputaram essas vagas anuais em número de q

Por | Edição do dia 10/03/2013 - Matéria atualizada em 10/03/2013 às 00h00

Há 24 anos a Universidade Federal de Alagoas, através de seu Hospital Universitário, forma cirurgiões para Alagoas e o Brasil. Foram 68 cirurgiões gerais treinados no período. Nos últimos oito anos, 249 médicos disputaram essas vagas anuais em número de quatro para o 1º ano e quatro para o segundo ano; quer alagoanos ou oriundos de outros Estados, principalmente do Nordeste brasileiro. Quando o médico conclui sua graduação não está formado. Necessita receber treinamento por período de 2 a 5 anos, para exercer a profissão com eficiência na área específica que escolheu. Modalidade de treinamento prático sob supervisão de preceptores experientes denominada residência médica. O treinamento na residência médica qualifica o profissional em 2 anos, que exigiria dez anos de sua vida sem treinamento para alcançar o mesmo grau de eficiência e qualidade ao exercer sua profissão. A residência médica foi iniciada por Halstead em 1889 no hospital da Universidade John Hopkins (EUA) e, no ano de 1944, chegou ao Rio e São Paulo, nos hospitais Servidores do Estado e Hospital das Clínicas da USP. Quarenta anos após, em 1984, foi implantada na antiga Escola de Ciências Médicas de Alagoas, Hospital José Carneiro (hoje demolido), liderada em seu desejo maior pelo prof. Paulo Malta, de saudosa memória, e outros entusiastas. Na Ufal, iniciou-se em 1989. Recentemente, a Santa Casa criou seu programa em cirurgia geral e o Hospital do Açúcar iniciará este ano. O candidato a médico residente enfrentará um concurso pior que o Enem ou vestibular, pois dos 17 mil médicos que o Brasil formará brevemente em suas 196 escolas médicas, 30% não encontrarão vagas nele. Há 200 programas de residência médica em cirurgia geral no Brasil, que oferecem 1.040 vagas, e corresponde a 11% do total de vagas nos concursos de residência médica em sua totalidade. Após esses dois anos na cirurgia geral, o candidato pode se submeter a outro concurso para uma área mais estrita da cirurgia, por mais dois ou três anos de treinamento, como a cirurgia digestiva, cardíaca, urológica, vascular, cirurgia oncológica, transplantes, cirurgia plástica ou videolaparoscopia avançada. Dos residentes concluintes na cirurgia geral 45% não encontram vagas para avançar para uma área específica. Formar cirurgiões é uma tarefa complexa, porque como assinalou Fernando Paulino – mestre nacional da cirurgia que alcançou o cume de sua arte, dizia: “o artista do bisturi deve ser compenetrado, humilde e intransigente, porque o material que manuseia é o corpo humano e sua ação cuidadosa pode determinar a vida ou a morte, a saúde ou a invalidez, a felicidade ou o desespero”. Outro luminar, prof. Edmundo Vasconcelos, falando na academia nacional de medicina sobre ‘A formação do cirurgião’, se expressou: “A vida do homem é por demais preciosa para ser levianamente jogada, só devendo ser permitido tocá-la àqueles que estejam superiormente preparados e que levem à segurança da competência total; para os quais o acidente é uma impossibilidade material e humana, que não deve ir além do tolerável 1%. Antes de dez anos após a formatura ninguém é cirurgião, apenas uma vocação em marcha.A cirurgia, arte suprema da medicina curativa, não pode ser entregue às mãos de todos e muito menos submetida a uma aprendizagem açorada no tropel das legiões; nela não cabem medrosos e medíocres, pois como na aviação, o erro e a ignorância paga-se com a morte”. Tarefa desafiadora que assumimos com muitos outros colegas no HU/Ufal, desde 1989, a partir de duas bolsas conseguidas do MEC com o prestígio do prof. François. Missão de valor inestimável, altruística, em favor da comunidade local e regional, nunca reparada em seus salários irrisórios, aos que a ela se dedicam. Mas, que vale pela abrangência e pelo significado de construí-la.

Mais matérias
desta edição