Turismo de Alagoas
LUIZ FERREIRA DA SILVA * A indústria do turismo, infelizmente no Brasil, de um modo geral, não tem sido competente à altura da magnitude de chamamentos que possui: praias, montanhas, cachoeiras, florestas, grutas calcárias, águas termais, folclores,
Por | Edição do dia 07/11/2002 - Matéria atualizada em 07/11/2002 às 00h00
LUIZ FERREIRA DA SILVA * A indústria do turismo, infelizmente no Brasil, de um modo geral, não tem sido competente à altura da magnitude de chamamentos que possui: praias, montanhas, cachoeiras, florestas, grutas calcárias, águas termais, folclores, arquitetura secular, espelho dágua fluvial e lagunar, carnaval e outras paisagens cênicas e costumes variados. Países, como o México, a Argentina e até o pequenino Uruguai faturam muito mais que o gigante adormecido. Só para dar um exemplo quantitativo, Nova Iorque recebe anualmente mais de 2 milhões de turistas que o nosso país. E, aqui, em Alagoas? Muita conversa e pouca ação! Daí, como modesta contribuição, resolvi ainhavar algumas atividades, descrevendo-as sucintamente, a seguir: Centro de Lazer Turístico (CLT). Constru-ção simples, congregando artesanato, comidas típicas, exposição cultural, folguedos folclóricos, concha acústica e mirante-bar voltado para o mar, aproveitando a beleza cênica da paisagem, já que o visitante não tem um lugar para se reunir. Possivelmente, seria edificado em módulos , antevendo sua incorporação a um futuro Centro de Convenções, que ainda não é para o momento, haja vista os inúmeros elefantes brancos construídos em diversas cidades brasileiras. O CLT poderia absorver a Praça da Alimentação (comércio) e o mercado de artesanato (Levada), ambos em locais totalmente impróprios para os turistas; além das tapioqueiras da orla. E o lugar teria que ser na praia, seja Ponta Verde, Pajuçara ou Jatiúca, pelo que de mais belo possui Maceió e é sempre atração turística. Não adianta se pensar em Jaraguá, Avenida da Paz, etc! Quer que o bairro de Jaraguá se transforme num novo Pelourinho, que possui 12 mil edificações antigas e históricas, é, no mínimo, uma insensatez! Revitalizar alguns prédios é coisa bem diferente do que um investimento global. Eventos Turísticos. Estabelecimento de um calendário de atrações turísticas com temas que tenham a cara de Maceió, explorando o seu cacife-maior, o paraíso das águas, eivado de atividade com conotação de tranqüilidade, vendendo a cidade como o refúgio do descanso, da paz e nice. Quem desejar folia, barulho, confusão, etc, já dispõe de Salvador e Recife, não precisando vir para Maceió que, ademais, não tem condições de competir em festas dessa natureza! Veja como o pessoal de Parintins (Amazonas) soube explorar a festa do boi-bumbá; Barretos (São Paulo), com o peão do Boiadeiro; Belém (Pará), com o Círio de Nazaré Será que Maceió não dispõe de temas próprios? Ou falta gente competente que pense? Treinamento de Pessoal. Efetivação de um programa abrangente de treinamento turístico em vários níveis, envolvendo os prestadores de serviços (taxistas, hoteleiros, lojistas e outros), além da formação de pessoal especializado, tanto do setor público como da iniciativa privada. Cérebro , cérebro e cérebro! Poluição. É urgente a despoluição do complexo hídrico praias, lagoas e canais sob pena de se matar a galinha dos ovos de ouro, incluindo-se um programa de educação ambiental, além de uma infra-estrutura de apoio aos farofeirosque também tem direito ao lazer. É triste e até vergonhoso ver uma Pajuçara, uma das enseadas, ou talvez única, mais bela do Brasil, ser agredida e desprezada pelo insensível poder público. Integração mar-lagoa. Enaltece-se muito, e com certa razão, a excelência das nossas praias, mas, por si só, não vai se querer que o mundo se curve ante a elas, pois todo o Nordeste dispõe, também, de atrações litorâneas. É preciso se agregar algo mais, a exemplo da Cidade de Natal que, inteligentemente, passou a explorar as dunas, integrando-as à paisagem cênica, de chamamento turístico. Maceió dispõe de lagoas contíguas às praias, uma dádiva da natureza, num ecossistema ímpar (beleza e riqueza biológica), que poderiam ser uma atração diferencial para o turismo, incluindo eventos gastronômicos específicos. Depois de 35 anos em outras plagas, causou-me espanto não existir um aproveitamento abrangente das lagoas, incluindo a infra-estrutura urbana (grandes avenidas, prédios de apartamentos, marinas), além de atrações noturnas, como uma opção de lazer do porte das praias da Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca. Tal integração lagoa-mar daria o toque característico do turismo alagoano. E o que se vê? Miséria, poluição e degradação fisiográfica e biológica de todo o ecossistema, com danos econômicos, sociais, ambientais e culturais. E, finalizando, esclareço que esse artigo foi publicado, pela primeira vez, em janeiro de 1997, nesse mesmo jornal, portanto cinco anos atrás. Pergunto ao caro leitor: mudou ou melhorou alguma coisa? No entanto, muitos holofotes e bastante papo, sem o poder público se aperceber dos efeitos exponenciais da poluição do manancial hídrico (SOS Pajuçara, como exemplo), podendo-se entever a mudança do nosso slogan para o Paraíso da Águas Podres. E, antes que isso aconteça, sugiro que nós, pobres contribuintes, nos organizemos numa ONG e salvemos o nosso complexo fluvio-marinho-lagunar. (*) É ENGENHEIRO AGRÔNOMO