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Nº 5900
Opinião

Qualidade de vida

HUMBERTO MARTINS * A maior parte das pessoas não vive bem, não desfruta de uma existência saudável, porque não pode, principalmente por falta de condições econômicas. Come mal, veste mal, dorme mal, sacrifica-se em transportes precários, desconfortávei

Por | Edição do dia 12/11/2002 - Matéria atualizada em 12/11/2002 às 00h00

HUMBERTO MARTINS * A maior parte das pessoas não vive bem, não desfruta de uma existência saudável, porque não pode, principalmente por falta de condições econômicas. Come mal, veste mal, dorme mal, sacrifica-se em transportes precários, desconfortáveis e arriscados. Outros, uma minoria, ganham o suficiente para uma existência confortável, mas procedem de maneira incorreta, inadequada e sofrem as conseqüências negativas dessas impropriedades. O consumo de bebidas alcóolicas é o principal fator de redução da expectativa de vida saudável dos brasileiros, segundo o Relatório Mundial de Saúde 2002 divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 11,6% são prejudicados pelo alcoolismo, mas existem outras causas: obesidade (43%), pressão – arterial alta (4,0%), fumo (3,7%), colesterol (2,3%) e sexo sem proteção (2,2%). Os estudiosos em qualidade de vida destacam outros prontos cruciais para a má qualidade de vida de grande parte dos indivíduos: desemprego, trânsito e violência. Os fatores negativos que influenciam a vida dos brasileiros entrelaçam-se e relacionam-se. Cerca de 29 mil pessoas que são  vítimas fatais de acidentes de  trânsito ingeriram álcool exageradamente ou foram vítimas de  pessoas que procederam dessa  maneira. Um contraste chocante é refletido quando se compara o número de obesos com os que comem insuficientemente. Segundo a professora Eleonora Menecutti, relatora de saúde da Plataforma de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais da Organização das Nações Unidas, no Brasil, 40 milhões de pessoas passam fome ou não se alimentam de maneira suficiente. A expectativa de vida é de 68,7 anos, período que é encurtado em cerca de 20% por condições precárias de saúde. Quando a maioria da população brasileira e sul-americana assimilar noções mais completas de higiene e saúde, a expectativa de vida poderá subir em cerca de sete anos. Uma unanimidade de parte dos técnicos da ONU e da OMS é a de que as políticas preventivas de saúde são insuficientes. E que no dia que essas políticas ocorrerem serão reduzidos consideravelmente os gastos com remédios e atendimento de doentes. Nessa nova avaliação, recém-divulgada, nosso país escapou de uma posição constrangedora, porque foi eliminado o critério classificatório. Entre 191 países avaliados, o Brasil ficou, ano passado, na 125ª posição. A troca de governo, dentro de pouco menos de dois meses, com uma acentuada renovação política e administrativa, é oportunidade para tentar corrigir as falhas existentes nas políticas preventivas de saúde, ensejando uma melhor qualidade de vida à população. É dever do governante melhorar a qualidade de vida de seu povo, pois é por demais sabido que a consolidação do Estado democrático de direito somente se efetivará com o pleno exercício da cidadania, através do binômio: dignidade da pessoa humana e desenvolvimento nacional, tendo como objeto a construção de uma sociedade humana, livre e fraterna. (*) É DESEMBARGADOR DO TJ/AL

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