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Nº 5904
Opinião

Faculdade de Medicina

EDSON MAIA NOBRE ABREU * No ano de 1949, o saudoso médico e professor Dr. Abelardo Duarte teve a brilhante idéia da criação em Alagoas de uma faculdade de medicina. Articulou-se com alguns de seus colegas para tornar o sonho em realidade. Inúmeras reun

Por | Edição do dia 14/11/2002 - Matéria atualizada em 14/11/2002 às 00h00

EDSON MAIA NOBRE ABREU * No ano de 1949, o saudoso médico e professor Dr. Abelardo Duarte teve a brilhante idéia da criação em Alagoas de uma faculdade de medicina. Articulou-se com alguns de seus colegas para tornar o sonho em realidade. Inúmeras reuniões se sucederam ora nas dependências da sociedade de medicina, ora em sua residência à Avenida Fernandes Lima (hoje escola de enfermagem Santa Bárbara), ora na residência do Dr. Simões, A. C. Inicialmente compartilharam com o objetivo 16 colegas que posteriormente comporiam o corpo docente da referida unidade de ensino superior em questão. Em 3 de maio de 1950 foi fundada oficialmente a faculdade de medicina de Alagoas. Tendo sido autorizado pelo Ministério da Educação, a realização do seu primeiro vestibular em 1951, no auditório do Colégio Estadual de Alagoas sob a fiscalização do Dr. João Vasconcelos. A Santa Casa de Misericórdia de Maceió prestou imensa solidariedade, destinando suas instalações laboratoriais, clínicas, cirúrgicas e maternidade, para que os acadêmicos pudessem dispor de suas aulas. Entretanto, para aqueles professores médicos idealizadores faltava a sede. Para isso travava-se, então, uma imensa batalha a nível do governo federal, pois solicitava-se que o antigo quartel do 20º BC fosse destinado para ser transformado em faculdade de medicina. Juntando-se ao corpo formado por aqueles idealistas, ou então deputado federal Medeiros Netto, Antônio Mário Mafra e o senador Ismar de Góis Monteiro. Conseguindo sancionar pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. Aos dez dias de janeiro de 1951, supervisionado pelo engenheiro e projetista Saint Yves Simon, iniciaram as obras de reconstrução, remodelação e adaptação da faculdade de medicina. Contou com inúmeras ajudas das indústrias e do comércio local, além de doações privadas e também da colaboração do trabalho de muitos voluntários. Sendo concluídas suas obras em 1955, entregue à sociedade, principalmente aos interessados no campo da ciência, a bem equipada escola de ensino médico. Inclusive, com o anexo Instituto Médico Legal Estácio de Lima como veículo indispensável para as aulas de anatomia, patologia e medicina legal. Além das demais instalações, a faculdade contava ainda com o majestoso Salão Nobre composto de revestimento da metade de suas paredes com madeira de lei, também no parlatório e em sua mesa central. Além disso, para realçar sua decoração, foram importados de Portugal azulejos para formar o quadro principal do salão. Para completar o requinte, toda iluminação em lustres de cristal. Hoje, entretanto, como professor, ao adentrarmos pela referida faculdade, atualmente denominada CCBI (Ufal), somos envolvidos por um enorme sentimento de tristeza ao vermos suas dependências físicas em total abandono, caminhando para as ruínas: em seu hall principal de entrada, percebe-se logo de cara a ausência do forro do teto e também de alguns mosaicos que compõem parte de suas paredes. Nas demais instalações observamos também infiltrações intensas no teto e em suas paredes, falta de reboco, esquadrias de janelas e portas danificadas ou em falta, pisos quebrados ou remendados grosseiramente com cimentação a mostra, banheiros com instalações hidráulicas com vazamento ou não funcionantes, fiações oferecendo risco de curto-circuito, mobiliários originais quase que inexistentes ou danificados e o citado Salão Nobre totalmente descaracterizado, com divisórias (tapumes) de madeira, acolchoado de algumas poltronas riscados ou rasgados, pedaços dos referidos lustres de cristal. Além de tudo isso, sua biblioteca totalmente desatualizada e seus laboratórios sem equipamentos, tendo-se a necessidade de se fazer todas as adaptações possíveis e imaginárias para se conseguir fazer pesquisas ou até mesmo para se dar uma aula, somente, graças ao profissionalismo e dedicação de tantos que labutam por aquelas instalações. É triste!!! É preciso que urgentemente as autoridades competentes empunhem suas bandeiras em favor do resgate da então glamourosa faculdade de medicina de outrora. A exemplo do Museu Théo Brandão (na Avenida da Paz). Esperamos providências! (*) É MÉDICO E PROFESSOR

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