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Nº 5821
Opinião

Tr�s sorrisos

GILBERTO MACEDO * Pelo caráter do fato, de sentido extraordinário e elevado significado, vale um destaque natural, uma exaltação elogiosa. É a razão deste breve comentário, para revelar o exemplo maravilhoso. Exemplo de grandeza autêntica, da existênc

Por | Edição do dia 14/11/2002 - Matéria atualizada em 14/11/2002 às 00h00

GILBERTO MACEDO * Pelo caráter do fato, de sentido extraordinário e elevado significado, vale um destaque natural, uma exaltação elogiosa. É a razão deste breve comentário, para revelar o exemplo maravilhoso. Exemplo de grandeza autêntica, da existência, numa mesma pessoa, de dois estados diferentes, e, até extremamente opostos, de uma condição pessoal positiva e de uma situação social negativa, a saber, felicidade e pobreza juntas. É isso manifestado num sorriso. O sorriso é de grande importância, incomparável. Como diz Addison: “O que o sol é para as flores, o sorriso é para a humanidade... ao longo dos caminhos da vida, o bem que eles fazem é inconcebível”. Sorriso como expressão da pureza de alma, de sentimentos leves, sinceros, toda espontaneidade, sem subterfúgios, nem segundas intenções, confiantes e cheios de gratidão; sinal de confiança e amizade, respeito e reverência, que jamais é confundido com o riso à toa, mas que é oportuno e de acordo com o merecido significativo do momento. Sorriso que é dotado de sentido afetivo, que corresponde ao significado do fato presente. Por isso enche a vida da pessoa, de razão de Chamfort dizer: “O dia mais irremediavelmente perdido é aquele em que não sorrimos”. Assim, o encontro do sorriso em alguém é uma experiência feliz. E encontrá-lo em condições extraordinárias, incomuns, mais auspiciosa ainda. É que o sorriso é o espelho da felicidade. Daí a relevância dos três exemplos presentes. Exemplos da existência, numa só pessoa, de dois estados opostos, na forma atual da sociedade: condição pessoal de felicidade e situação social de pobreza – extremos anatagônicos na realidade existencial, cuja superação permite falar-se da verdadeira atitude de heroísmo. Assim, acontece nos exemplos a seguir. O primeiro é dado pela faxineira de um prédio de alta qualidade arquitetônica, situado em área dita nobre da cidade. Ainda jovem, casada, tem um filho na primeira infância. Chega ao trabalho, invariavelmente, às 7 horas e logo a todos cumprimenta com um sorriso de doação. Sorriso que fala um bom dia de coração. Durante a exaustiva tarefa de limpeza de toda a área comum do grande edifício, responde, com a mesma alegria, aos cumprimentos dos que passam. Perguntada pela razão desse modo de ser, responde: ‘Deus me dá felicidade!” E ao término do expediente, ao sair, despede-se, levando para casa, o mesmo sorriso. Chama-se Fátima. O segundo exemplo é dado por outra jovem, solteira, que executa trabalhos caseiros em família distinta, em cujo apartamento reside. À noite, estuda em escola próxima, e diz ter por objetivo, fazer o vestibular para Medicina. Aos interlocutores conhecidos saúda com o mesmo sorriso suave, algo tímido, e expressão bondosa. Chama-se Carla. O terceiro, é de outra jovem que trabalha em serviço de cozinha em casa de família bem constituída. Casada, tem uma filhinha, à quall oferta profundo amor. Aos de seu relacionamento, expressa sempre um sorriso esplêndido de alegria. Chama-se Rosa. São sorrisos de simpatia: manifestam felicidade. E são pessoas pobres. É que sabem ser felizes. Aceitam-se como são. Conservam a auto-estima, não se comparam com as outras que desfilam, lado a lado, elegantes, bem vestidas, embelezadas,. Maquiadas. É como diz aquele provérbio da Escócia “O sorriso custa menos que a eletricidade e dá mais luz”. Se a pobreza é privação de bens de consumo, numa sociedade materialista, elas são ricas de belos sentimentos; têm a alma engrandecida. Daí os sorrisos de alegria. Sorrisos de felicidade. Que merecem ser admirados por todos. Louvemos, pois, esses sorrisos da pobreza. Símbolos de felicidade! (*) É MÉDICO

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