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Nº 5822
Opinião

Os dados dos crimes

O número de assassinatos no Brasil passou de 10 mil em 1980 para 40 mil no ano 2000. Dados publicados pela revista Veja, em maio último, já indicavam 70 assassinatos por cem mil habitantes nas capitais brasileiras. Uma das cinco maiores taxas do planeta.

Por | Edição do dia 15/11/2002 - Matéria atualizada em 15/11/2002 às 00h00

O número de assassinatos no Brasil passou de 10 mil em 1980 para 40 mil no ano 2000. Dados publicados pela revista Veja, em maio último, já indicavam 70 assassinatos por cem mil habitantes nas capitais brasileiras. Uma das cinco maiores taxas do planeta. E mostravam o País como recordista em seqüestros, com a segunda maior frota de veículos blindados do mundo, 500 mil seguranças privados e 25% das casas equipadas com sistemas de proteção. Já o balanço da criminalidade divulgado ontem pelo Ministério da Justiça referente ao primeiro semestre deste ano mostra que as mortes violentas cresceram 3,92% nas capitais brasileiras (apenas 20 mandaram os dados) e os crimes contra o patrimônio, como roubos e furtos, roubos seguidos de morte e seqüestros aumentaram 14,11%, no primeiro semestre deste ano em comparação com igual período do ano passado. Em relação aos homicídios dolosos (quando há a intenção de matar) houve um aumento de 3,13% no período pesquisado também no País. Só em Recife foi constatado um crescimento de 45,77% na quantidade de assassinatos e São Paulo detém o maior índice brasileiro de roubos de carros no País – 244,3 carros para cada 100 mil habitantes apenas nos seis primeiros meses de 2002. Mesmo assim, continuam sendo aguardadas pela sociedade as iniciativas suficientes para as mudanças no Código Penal e de outras legislações. Afora outros fatores apontados por especialistas entre os principais obstáculos no combate à criminalidade no País. Um deles é a probabilidade que ainda persiste no Brasil, de um assassino ser condenado e não cumprir a pena até o fim não ultrapassar 2%. Como se todos estes problemas não fossem suficientes para avançarmos nas ações preventivas e de combate a todas as formas de violência, os números que vêm sendo publicados, relacionados a essa área, incluindo os fundamentados em fontes oficiais, continuam imprecisos. Até porque nem todas as vítimas de violência denunciam as agressões. E, ainda, a maioria dos casos de vítimas de crimes que morrem nos hospitais não é contabilizada. Existem também outras ocorrências que acabam não sendo enumeradas – quando num mesmo acidente morre mais de uma pessoa, por exemplo. O próprio secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, fez esta observação ontem, através da Agência Folha. E, em seguida, afirmou: “A única estatística que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não tem é da violência, devido à desordem, principalmente nas polícias estaduais, que não coletam dados corretamente”.

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