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Nº 5821
Opinião

Ci�ncia e arte

MILTON HÊNIO * Amanhã, às 20 horas, na Casa da Palavra, estará tomando posse como presidente Nacional da Sobrames, o mineiro dr. Renato Passos. Entregará o cargo o dinâmico gaúcho Dr. Luís Alberto Fernando Soares. De comum acordo, escolheram Alagoas para

Por | Edição do dia 17/11/2002 - Matéria atualizada em 17/11/2002 às 00h00

MILTON HÊNIO * Amanhã, às 20 horas, na Casa da Palavra, estará tomando posse como presidente Nacional da Sobrames, o mineiro dr. Renato Passos. Entregará o cargo o dinâmico gaúcho Dr. Luís Alberto Fernando Soares. De comum acordo, escolheram Alagoas para sede dessa solenidade. Vieram de longe para o abraço de transmissão dessa importante função. Como o Sobrames é uma Sociedade de Médicos Escritores é provável que eles tenham optado por aqui ao saberem dos encantos de nossa terra, de suas belezas naturais, que servem de inspiração para seus trabalhos literários. Reunindo perto de 800 associados em todo o Brasil, a Sobrames congrega os profissionais da medicina que unem a Ciência com a Arte isto é, que ao lado do intenso trabalho profissional, fazem da literatura a sua fonte de lazer para compensar o convívio com o sofrimento humano. Meu amigo Dr. José Medeiros, ilustre presidente da nossa regional, irá muito bem recepcioná-los e aos demais companheiros que provavelmente virão de outras cidades. Tive a honra de ser um dos presidentes dessa entidade, em 1986. São inúmeros os poemas escritos, os livros publicados, as músicas compostas por médicos. Aprimorando sua sensibilidade, libertando suas emoções, desenvolvendo seus dotes artísticos através da pintura, da música, do canto e da literatura, o médico amplia seus dons humanitários, adquirindo e aperfeiçoando qualidades de requintes espirituais que mais o engrandecem e capacitam para o exercício de sua missão terrena. Sejam bem-vindos à nossa terra colegas brasileiros. O Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm muita coisa boa, mas, estimados colegas, vocês jamais irão esquecer de nossa Alagoas. Minha terra é um paraíso encantado, que sendo feita de flores, foi por Deus abençoada. Homenageando os ilustres Gabriel Garcia Marquez que agora, bem recente -, padecendo de um câncer e já no final de sua vida, perguntado por um repórter como se achava diante da doença disse: “Se, por um instante Deus se esquecesse que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo que penso, mas, certamente, pensaria tudo que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida, não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes – te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. A uma criança lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Ao velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo do seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que o homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas finalmente não poderão, servir muito porque quando me olharem, infelizmente estarei morrendo”. (*) É MÉDICO E ESCRITOR

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