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Nº 5821
Opinião

Leigos na Igreja

Dom José Carlos Melo, cm * Aproxima-se a solenidade de Cristo Rei do Universo que a Igreja nos faz celebrar no 34º Domingo do Tempo Comum, no dia 24 deste mês. Com ela encerra-se o Ano Litúrgico 2002, segundo o calendário eclesiástico. Inicia-se a seguir

Por | Edição do dia 17/11/2002 - Matéria atualizada em 17/11/2002 às 00h00

Dom José Carlos Melo, cm * Aproxima-se a solenidade de Cristo Rei do Universo que a Igreja nos faz celebrar no 34º Domingo do Tempo Comum, no dia 24 deste mês. Com ela encerra-se o Ano Litúrgico 2002, segundo o calendário eclesiástico. Inicia-se a seguir o novo Ano Litúrgico 2003 com o tempo do Advento, em intensa preparação para o Natal do Salvador. Na festa de Cristo Rei, a Igreja dedica particular atenção aos leigos, consagrando-lhes este dia. Isto nos oferece uma oportunidade propícia para falar hoje sobre os leigos na Igreja. De modo geral, estamos acostumados a visualizar a Igreja e a identificá-la como a hierarquia, a saber, os bispos, os padres e diáconos. Esta é uma visão limitada e empobrecida do conceito de Igreja que é, antes de tudo, Povo de Deus, Povo Sacerdotal, Família de Deus, Corpo Místico de Cristo. Nele, “o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico ordenam-se um ao outro, embora se diferenciem na essência e não apenas em grau. Ambos participam, cada qual a seu modo, do único sacerdócio de cristo”, como nos lembra o Concílio Vaticano II (LG/28). Mas, então, quem são os leigos na Igreja? Qual sua missão própria e como se caracterizam? Após esclarecer os ministérios da Hierarquia, o Concílio Vaticano II trata dos fiéis que são denominados leigos, homens e mulheres. Porém, “pelo nome de leigos são compreendidos todos os cristãos, exceto os membros da ordem sacra e do estado religioso aprovado na Igreja”(LG 30/31). Com efeito, pela graça batismal foram eles incorporados a Cristo., constituídos no povo de Deus e a seu modo participam do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo. Isto os credencia a realizar sua parte na missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo (LG 31/76). Porém é necessário ressaltar o aspecto particular e específico dos leigos, a saber, sua índole secular que caracteriza especificamente os leigos. Na verdade, os que receberam a ordem sacra, embora de passagem possam ocupar-se em assuntos seculares, contudo em razão de sua vocação particular são destinados principalmente e propriamente ao sagrado ministério, como explicitamente afirma o Vaticano II: “É porém específico dos leigos, por sua própria vocação, procurar o reino de Deus, exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no Século, isto é, em todos e em cada um dos ofícios e trabalhos do mundo. Vivem nas condições ordinárias da vida familiar e social, pelas quais sua existência é como que tecida. Lá são chamados por Deus para que, exercendo seu próprio ofício guiados pelo espírito evangélico, a modo de fermento, de dentro, contribuam para a santificação do mundo”(LG 31/77). Em razão da graça do batismo e da confirmação, os leigos são especialmente chamados para tornarem a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias onde apenas através deles ela pode chegar como sal da terra. (LG 31/83). Um só é o sacerdócio de Cristo que se realiza plenamente no sacerdócio comum dos fiéis e no sacerdócio ministerial e hierárquico que se ordenam um ao outro, embora se diferenciem não apenas em grau. Enfim, em razão de sua vocação e de sua missão própria, é necessário reconhecer e proclamar com João Paulo II a importância e a dignidade do leigo: “A dignidade do fiel leigo revela-se em plenitude quando se considera a primeira e fundamental vocação que o pai, em Jesus Cristo por meio do espírito Santo, dirige a cada um deles: a vocação à Santidade, isto é, à perfeição da caridade. O santo é o testemunho mais esplêndido da dignidade conferida ao discípulo de Cristo”(Exortação Apostólica “Christifidelis Laici”, nº 16). Ao final destas celebrações, apraz-nos manifestar nosso louvor e nosso agradecimento a todos os leigos de nossa Arquidiocese pelo seu testemunho de santidade, de doação e de fidelidade nos diversos campos de sua atuação pastoral, na unidade e comunhão. Com São Paulo aos Filipenses digo a todos: “Dou graças a Deus todas as vezes que me lembro de vocês... por causa de vossa comunhão conosco na divulgação do evangelho”. (F 11. 3 e 5). (*) é arcebispo Metropolitano de Maceió

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