Opinião
O MILAGRE DE SANTA JOANA DARC

Menina pobre, filha de uma família de camponeses que habitava a região de Lorena, Nordeste da França, Joana D?Arc veio a se transformar num grande personagem da história medieval pelo estilo místico e guerreiro durante a Guerra dos Cem Anos. Uma sequência de conflitos envolvendo Inglaterra e França, onde, por décadas, os ingleses tentavam tomar à força o trono francês. Enquanto isso, a jovem Joana crescia dedicado-se ao trabalho da casa, como era comum na época, e ajudava ao pai no campo. Possuía personalidade forte, incondicional defensora da justiça, religiosa e emotiva ao mesmo tempo. Adolescente, dizia ouvir vozes que a estimulavam a ter uma vida de devoção e piedade. Anos depois, as vozes que acreditava serem de anjos e santos passaram a ficar mais insistentes, exortando-a a comandar o exército francês para expulsar os ingleses do seu território. Encarou bravamente uma série de batalhas vitoriosas. Mais tarde, acusada de heresia e bruxaria, foi condenada à fogueira por um tribunal eclesiástico e executada em 1431 para anos depois ter a sua inocência reconhecida, sendo canonizada em 1909. Creio que, inspirados nesse símbolo de mulher valente, guerreira e humilde, os pais da Joana D?Arc contemporânea, a faxineira do gabinete do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, deram o nome de Joana à sua filha. Sim, uma inspiradora homenagem! A história da nossa Joana D?Arc, a faxineira, não conhecemos, mas deve tratar-se de uma pessoa valorosa e dedicada ao mister do trabalho. Tanto é verdade, que conquistou emprego numa casa tão importante e foi escalada para prestar serviço justamente no gabinete do presidente. Se fosse no tempo da santa, não seria nada menos que na sala do rei. Não sei se a Joana D?arc, a faxineira, em algum momento da vida chegou a ouvir vozes. Se escutou, com certeza foram as vozes dos bruxos, os diabinhos exortando-a a acreditar que em algum mês o patrão lhe pagaria um salário de R$ 29.716. E como não poderia deixar de ser com o milagre da multiplicação, sua filha, no mesmo setembro do ano passado, véspera da eleição municipal, também recebeu o mesmo salário pago pelo ?generoso e humanitário? patrão. Joana D?Arc, a faxineira da assembleia, é mesmo uma mulher de sorte e abençoada.