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Nº 5905
Opinião

O Lun�rio Perp�tuo

RANILSON FRANÇA * Chega às casas de discos o quinto CD deste folgazão-rabequeiro, dançador e cantor brincante, Antônio Nóbrega –“Lunário Perpétuo”. Durante mais de dois séculos  foi o Lunário Perpétuo o livro mais lido nos sertões do nordeste brasilei

Por | Edição do dia 22/11/2002 - Matéria atualizada em 22/11/2002 às 00h00

RANILSON FRANÇA * Chega às casas de discos o quinto CD deste folgazão-rabequeiro, dançador e cantor brincante, Antônio Nóbrega –“Lunário Perpétuo”. Durante mais de dois séculos  foi o Lunário Perpétuo o livro mais lido nos sertões do nordeste brasileiro, afirma Luiz da Câmara Cascudo, pois tratava-se de um livro de  informações de astrologia, horóscopo, rudimentos de física, receitas  médicas, calendários, vidas de  santos, biografias de papas, conhecimentos agrícolas, etc. Todos se baseavam no lunário, para prognósticos meteorológicos que, mesmo sem embasamentos científicos, eram tidos  como palpite certo. Era o livro  obrigatório dos cantadores de feiras, naquilo que eles chamavam “ciência”. Em seu quito CD-show, Antônio Nóbrega apresenta uma série de composições suas em parceria com Bráulio Tavares, Ariano Suassuna, Lourival Oliveira, Antônio Sapateiro, Antônio Madureira, Levino Ferreira e Wilson Freire. Radicado há bastante tempo em São Paulo, local onde instalou, no bairro de Vila Madalena, o Teatro Brincante, celeiro de grandes artistas que muito vêm contribuindo para a difusão da cultura popular em todo o País. Nóbrega é um grande amigo das Alagoas, pois na década de 80 aqui esteve com o objetivo de pesquisar os guerreiros alagoanos. Fizemos uma boa amizade e saímos pelo interior do nosso Estado, registrando em vídeo e fotografia os mais importantes grupos daquela época. Estivemos documentando o Guerreiro de Francisco do Jupi na Branca de Atalaia, de Adelmo Vieira, em Atalaia, de João Inácio do Peri-peri, na Boca da Mata e na volta, visitamos o terreiro do Babalorixá Pedro Leal, no Jacintinho, onde nos deleitamos com uma gostosa galinha ao molho pardo ouvindo alguns toque e cantos para os orixás africanos. No outro dia visitamos o rabequeiro João Otávio, na Vila Brejal. João Otávio, que organizava o  Conjunto Meu Brasil, cuja maior estrela era o próprio João Otávio,  que tocava rabeca, feita por ele  mesmo, e um violão com dois braços, batizado de violão tipo americano. Anos depois, Nóbrega volta a Alagoas, trazido pelo Banco do Nordeste, num belíssimo show nos jardins do Hotel Jatiúca, interrompido por uma forte chuva, que caiu intempestivamente já quase ao final do grande show “Madeira que Cupim não Rói”. Apesar deste pequeno contratempo, ele e sua troupe nos apresentaram um belíssimo espetáculo. No outro dia, bem cedo, fomos visitar o mestre Nelson da Rabeca e depois uma rápida visita à Praia do Francês. No retorno a Maceió, fomos recepcionados pelo Jornalista Ênio Lins, na casa do sr. Claudionilson, na Levada, com uma gostosa carapeba frita. Foi um longo e muito bom papo. Em 2001, Nóbrega volta a Alagoas, desta feita para 15 dias de férias, e escolhe a aprazível Praia da Barra de São Miguel. Veio com toda sua família para descansar e pesquisar. Visitamos os guerreiros, os reisados de Maceió. No guerreiro de Mestre Venâncio ele foi homenageado pela Asfopal, com o título de Embaixador do Folclore de Alagoas. No dia seguinte fomos ao forró do Louro, onde Nóbrega dançou e cantou, ao som do conjunto oficial daquela casa de espetáculos. Seus discos sempre fizeram sucesso, bem como seus shows em todo o Brasil. “Na Pancada do Ganzá, Madeira que Cupim não Rói, Pernambuco Falando Para o Mundo, O Marco do Meio-dia e O Lunário Perpétuo” são marcas de um grande artista. Um dos maiores do País. (*) É PRESIDENTE DA ASFOPAL E PROFESSOR DO CESMAC-FEJAL

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