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Nº 5821
Opinião

Jubileu da CNBB

DOM JOSÉ CARLOS MELO, CM * No domingo passado, lembrando o Dia do Leigo na festa de Cristo Rei que hoje celebramos, mostrei seu lugar, sua importância e sua missão na Igreja. Nosso assunto hoje é a celebração dos 50 anos da Conferência Nacional dos Bisp

Por | Edição do dia 24/11/2002 - Matéria atualizada em 24/11/2002 às 00h00

DOM JOSÉ CARLOS MELO, CM * No domingo passado, lembrando o Dia do Leigo na festa de Cristo Rei que hoje celebramos, mostrei seu lugar, sua importância e sua missão na Igreja. Nosso assunto hoje é a celebração dos 50 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ou CNBB. Diga-se de início: a CNBB é um orgulho e uma bênção para a Igreja no Brasil. Mas a criação da CNBB evidencia, de modo particular, a importância dos leigos nas suas origens. Uma ligeira incursão na história da Ação Católica, que coordenava e dinamizava a atuação dos Leigos em seus diversos campos de atividade, nos faz sentir toda a força da sua ação na Igreja do Brasil e, ao mesmo tempo, perceber os primeiros passos para a criação de uma Conferência Episcopal. Nela, de imediato, nos deparamos com a figura modesta e iluminadora de mons. Hélder Câmara. Das semanas Nacionais da Ação Católica, com a participação de expressivo número de bispos, começam a surgir os primeiros desejos de criação da Conferência Episcopal. Um conhecimento elementar da história da Igreja no Brasil é suficiente para reconhecer e aplaudir a presença organizada da Ação Católica nos diversos campos da vida e da ação eclesial: Juventude Universitária Católica (JUC), Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Operária Católica (JOC), etc. Coube, porém, ao Congresso Internacional do Apostolado dos Leigos, realizado em Roma em 1951, com significativa representação do Brasil, uma contribuição decisiva. Com efeito, suas numerosas proposições finais foram sempre acompanhadas dessa afirmação insistente: “Isso vai supor ou exigir a existência de uma Conferência Episcopal”. A celebração do Jubileu de Ouro da CNBB projeta para todos nós nomes ou pessoas de indiscutível valor e merecimento na história da Igreja no Brasil: mons. Hélder Câmara, nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro, e dois cardeais da época, dom Jaime de Barros Câmara, do Rio de Janeiro, e dom Carlos Camelo de Vasconcelos Motta, de São Paulo. Não podemos omitir o núncio apostólico dom Carlos Chiarlo, com seu interesse e seu apoio à causa. Decisivo, porém, foi o empenho do arcebispo de Milão João Batista Montini, depois papa Paulo VI, através de suas valiosas sugestões e orientações. Colaborador de Pio XII na Secretaria de Estado, agilizou os necessários encaminhamentos. Em maio de 1952, os cardeais Motta e Câmara solicitam de todos os bispos do Brasil o seu parecer sobre o projeto de fundação da Conferência Episcopal, pedindo-lhes ao mesmo tempo sugestões de emenda ao 1º Regimento. As respostas foram rápidas, positivas e animadoras e nos dias 14 a 17 de outubro de 1952, realizou-se a Assembléia de instalação da Conferência, no Palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro. Estava fundada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que neste ano celebra o seu jubileu de ouro, para alegria de todos nós. Com satisfação, transcrevemos aqui as palavras do seu secretário- geral dom Hélder Câmara: “O que se deu no Palácio São Joaquim foi uma articulação que vai ter repercussão imediata nas 20 províncias eclesiásticas que congregam as 115 dioceses ou prelazias do País. Cessou para a Igreja no Brasil a fase de esforços, heróicos talvez, mas dispersos, descontínuos, sem planejamento. Não é preciso ser profeta para prever que, em breve, a Igreja entre nós estará em condições de trazer ajuda substancial ao exame dos mais agudos problemas da nacionalidade”. Sem dúvida, foi uma visão profética. Com efeito, uma das contribuições mais valiosas da CNBB foi, e continua sendo, a introdução do Planejamento Pastoral na Igreja do Brasil, em nível nacional, regional, diocesano e paroquial: uma Pastoral orgânica. Neste sentido, nos anos de 1962-1965, ela inicia o chamado “Plano de Emergência” que deu lugar aos sucessivos planos de Pastoral de conjunto. Portanto, a CNBB marca uma nova fase na história da Igreja do Brasil. A CNBB é uma das primeiras conferências episcopais do mundo e figura entre as maiores e mais importantes na Igreja. Apesar das divergências e variedade de opiniões, que na verdade são uma riqueza e dom de Espírito, ela é chamada a contribuir para a unidade no mesmo Espírito. Parabéns, CNBB! (*) É ARCEBISPO METROPOLITANO DE MACEIÓ

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