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Nº 5822
Opinião

Pesadelo da infla��o

Na última quinta-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse achar “natural” a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de elevar a taxa básica de juros no país para 22%. Segundo o presidente, a medida foi tomada para “evit

Por | Edição do dia 24/11/2002 - Matéria atualizada em 24/11/2002 às 00h00

Na última quinta-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse achar “natural” a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de elevar a taxa básica de juros no país para 22%. Segundo o presidente, a medida foi tomada para “evitar que a inflação volte a ser um pesadelo para os brasileiros”. Longe dos problemas do povo, o presidente comete mais um engano imperdoável. O brasileiro não tem medo de que a inflação “volte” a ser um pesadelo, porque na verdade, ela já voltou a atormentar a vida da dona de casa e do trabalhador há muito tempo. A inflação para o brasileiro que paga a conta de luz e de telefone, que faz compras no supermercado e é obrigado a abastecer o carro com gasolina acima de R$ 2,00 é muito pior do que um pesadelo: é uma dura e triste realidade, que piora a cada dia. A inflação dos índices oficiais refletem apenas em parte o drama dos brasileiros. Produtos básicos, como pão, açúcar, carne, leite, combustíveis, energia elétrica e gás de cozinha, que são essenciais na vida de praticamente todos os brasileiros, tiveram aumentos bem superiores à inflação oficial. Ou seja, o custo de vida aumentou muito mais do que revelam os números do governo. Com o salário praticamente congelado, o brasileiro tem que arrochar ainda mais o cinto para continuar comendo. Quem entende de economia sabe que a inflação brasileira não é de demanda. Portanto, a alta dos juros, medida que só tem eficácia para reduzir consumo, é inócua. Ao aumentar os juros, o governo parece estar muito mais preocupado em seguir a cartilha do Fundo Monetário Internacional (FMI), do que em resolver os problemas do País. Se quisesse segurar de fato a inflação, o governo poderia mudar a política de preços dos combustíveis e dos serviços controlados (telefone, energia etc.) ou adotar medidas efetivas para valorizar o real frente ao dólar. O aumento da taxa de juros é mais uma medida ilusionista de quem vive no doce sonho do poder sem se preocupar com dura realidade, o verdadeiro pesadelo, em que se está transformando a vida do brasileiro.

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