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Nº 5795
Opinião

A CULTURA DA PRESERVA��O E CONSERVA��O

Ainda fico surpreso quando pergunto às crianças o que é um museu. A resposta parece unânime: é um lugar de guardar coisas velhas. Culturalmente, este é um conceito que tem atravessado séculos. Afinal, quantas vezes não ouvimos alguém dizer: “Lugar de velh

Por | Edição do dia 20/11/2013 - Matéria atualizada em 20/11/2013 às 00h00

Ainda fico surpreso quando pergunto às crianças o que é um museu. A resposta parece unânime: é um lugar de guardar coisas velhas. Culturalmente, este é um conceito que tem atravessado séculos. Afinal, quantas vezes não ouvimos alguém dizer: “Lugar de velho é no museu”? Cresci num ambiente onde era comum comparar móveis velhos a museu. Minha mãe até complementava: “isto é um museu histórico”, referindo-se à cama de seu casamento. E esta peja parecia conter todo o desprezo pelo que era velho e consequentemente o próprio museu. Explica-se nossa pouca preocupação com a História, com a preservação da memória e conservação de bens. Quebrou, está quebrado, joga fora. E isto dá uma margem enorme para ainda hoje as crianças rasgarem as fotografias dos avós e não demonstrar o mínimo interesse por uma peça antiga de sua casa. Levando este comportamento à escola, risca-se as bancas, escreve-se nas paredes, depredam o ambiente que utiliza e muito mais. A cultura da preservação e conservação dificilmente será transmitida pelos pais, mesmo hoje. A indiferença se agiganta quando observamos o desprezo pelos equipamentos culturais. Como se o responsável pela visitação a um museu seja unicamente a escola. A escola, por sua vez, salvo raríssimas exceções, trabalham o tema “preservação e conservação”. Disciplina que deveria ser obrigatória no campo da cidadania. A criança precisa, desde a mais tenra idade, aprender a cuidar de seus brinquedos, a valorizar menos o fausto e o excesso proporcionado pelos pais. Qualquer criança envolvida demais com o mundo digital não dá importância alguma às coisas simples. Não sabem fazer nem soltar uma pipa. Não sabem jogar pião ou qualquer coisa do gênero artesanal, nem mesmo o time do botão. Existem algumas boas escolas, especializadas, para os de dentes de leite, que têm se preocupado em semear o respeito pelo habitat urbano e a evolução da paisagem, com noção de tempo e memória, assim como pela ciência e tecnologia e outros temas do mundo hodierno. Esta geração pode ser salva do conservadorismo fisiológico que afetam muitos profissionais e instituições de ensino. Em meio a tantas lacunas na educação e no ambiente escolar, precisamos mudar o mundo pedagógico e ir além da fronteira escola – equipamentos culturais, inserindo cada novel aluno a esta nova realidade. A educação não pode continuar emparedada e reservada à sala de aula.

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