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Nº 5791
Opinião

Quando um helic�ptero de p� n�o faz diferen�a

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Por | Edição do dia 01/12/2013 - Matéria atualizada em 01/12/2013 às 00h00

Apesar de parecer impossível relegar a um segundo plano a detenção de um helicóptero carregado com 450 quilos de cocaína, isto está acontecendo na chamada “grande mídia” nacional. Por não ser possível varrer para debaixo do tapete, o “grande” noticiário informa, com discrição, que o principal envolvido é o deputado estadual Gustavo Perrella, proprietário do helicóptero, e filiado ao Solidariedade (SDD). O pai do jovem político, o senador Zezé Perrella, do PDT, também é citado. Até aí, tudo vai mais ou menos de acordo com o figurino, apesar de causar estranheza a secundarização desta notícia, mais das vezes perdendo em destaque até para reportagens onde acontecimento com animais domésticos, como o caso “revoltante” de um criador que propôs na internet trocar alguns cãezinhos por um tablet. Quem, porém, se aventurar a pesquisar os fatos ocultos nas entrelinhas do noticiário da “grande” mídia, perceberá que Gustavo Perrella é umbilicalmente ligado, eleitor e cabo eleitoral declarado do candidato tucano, Aécio Neves. Nas redes sociais, o deputado proprietário do “cocacóptero”, até as vésperas do ocorrido, publicava declarações entusiásticas ao candidato do PSDB à Presidência, chegando a postar uma foto onde aparece condecorado, juntamente com Geraldo Alckmin e Aécio; abaixo da imagem alegre dos três abraçados, Gustavo escreveu, em seu perfil no “face”, no dia 13 de setembro: “recebo com muita honra, do governo do Estado [de Minas Gerais], a medalha JK, com o gov de SP Geraldo Alckmin e o futuro presidente Aécio Neves @aecionevesoficial (sic)”. Qual o tratamento que a “grande” mídia tem dado a esta ligação tão forte? Imaginem o destaque na “grande” mídia se Parrella estivesse, em foto semelhante, perto de Dilma Rousseff, ou do ex-presidente Lula, ou de qualquer outro prócer do PT e/ou de partidos aliados? A revista semanal mais agressiva e badalada não estamparia uma capa estonteante? E os analistas “independentes”, o que não escreveriam sobre isso? “Qual é o pó?”. Poder-se-ia perguntar a quem queira se meter na liberdade de imprensar. “Nada”, responder-se-ia, “além de, mais uma vez, comprovar-se os pesos e medidas diferentes que balizam o comportamento das elites brasileiras”.

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